Ao longo de seis semanas, a cidade de Prayagraj, no norte da Índia, será palco do Kumbh Mela, o maior festival hindu do mundo, reunindo cerca de 400 milhões de peregrinos. Este número equivale à população combinada dos Estados Unidos e Canadá, e o evento será tão grandioso que poderá ser avistado do espaço.
O festival, realizado a cada 12 anos na confluência dos rios sagrados Ganges, Yamuna e Saraswati, combina fervor religioso com banhos rituais, que os hindus acreditam limpar seus pecados e trazer moksha, ou libertação espiritual. A edição de 2025 ganha ainda mais relevância por coincidir com um raro alinhamento planetário.
Uma verdadeira cidade temporária está sendo construída em uma área de 4.000 hectares, envolvendo a construção de 150.000 banheiros, instalação de 68.000 postes de iluminação LED e cozinhas comunitárias capazes de alimentar 50.000 pessoas de uma vez.
“Organizar o Kumbh é como construir um novo país. São necessários estradas, iluminação, esgoto e acomodações,” explica Vivek Chaturvedi, porta-voz do evento. Ele destaca que a peculiaridade do festival reside em sua espontaneidade: “Não enviamos convites; todos vêm por pura fé.”
Os trabalhos avançam rapidamente, com milhares de operários atuando dia e noite. Para muitos, como o trabalhador Babu Chand, 48 anos, o esforço vai além de uma função: “O que estou fazendo parece ser um ato piedoso.”
Entre os participantes, destacam-se os naga sadhus, monges nus que meditam nas montanhas e caminham até o festival para serem os primeiros a mergulhar nas águas do Sangam, o ponto de encontro dos rios. Durante os seis dias mais auspiciosos, a partir de 13 de janeiro, eles liderarão os banhos sagrados.
Digambar Ramesh Giri, um sadhu naga de 90 anos, explicou à imprensa local: “Durante o Kumbh, você pode alcançar tudo o que seu coração deseja.”
Além do aspecto espiritual, o evento reflete a ligação entre religião e política na Índia contemporânea. Outdoors em Prayagraj exibem imagens do primeiro-ministro Narendra Modi e do ministro-chefe Yogi Adityanath, ambos membros do partido Bharatiya Janata Party (BJP), conhecido por promover uma política nacionalista hindu.
O festival será um marco não apenas para a religiosidade, mas também para a infraestrutura e organização, destacando a magnitude e o simbolismo desse evento milenar, que reafirma a fé e identidade cultural de milhões de pessoas.