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Leitura de Domingo
22/12/2024 08:00:00

Exame de sangue pode revolucionar diagnóstico precoce do Alzheimer


Exame de sangue pode revolucionar diagnóstico precoce do Alzheimer

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), anunciaram um avanço que pode transformar o diagnóstico da doença de Alzheimer: um exame de sangue simples e acessível. O estudo, publicado na revista Alzheimer & Dementia, identificou um biomarcador chamado fator de crescimento placentário (PlGF), que pode detectar alterações cerebrais precoces associadas à demência, antes mesmo que os sintomas cognitivos se manifestem.

Atualmente, o diagnóstico da doença ocorre em estágios avançados, geralmente por meio de avaliações clínicas e exames de imagem caros. A nova descoberta pode oferecer uma ferramenta econômica de triagem neurológica, especialmente em populações de risco.

Relação entre vasos sanguíneos e declínio cognitivo

Os pesquisadores observaram que a disfunção nas células que revestem os vasos sanguíneos do cérebro é um dos principais gatilhos da doença cerebral de pequenos vasos (DCPV), que está diretamente ligada ao declínio cognitivo e à demência. Essa condição pode causar vazamentos nos vasos, permitindo a entrada de moléculas inflamatórias no tecido cerebral.

O PlGF mostrou-se um indicador promissor, com potencial para rastrear e monitorar o comprometimento cognitivo, identificando lesões vasculares cerebrais antes que danos irreversíveis se instalem.

Impacto do diagnóstico precoce

Para os pesquisadores, a triagem precoce é crucial. "Como biomarcador para doenças cerebrais de pequenos vasos e demência, o PlGF poderia ajudar médicos e pesquisadores a identificar pacientes em risco e monitorar lesões vasculares de maneira eficaz e acessível", afirmou o neurologista Kyle Kern, um dos autores do estudo.

O exame foi testado em 370 participantes com mais de 55 anos em seis campi universitários nos Estados Unidos. Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores ressaltam a necessidade de estudos adicionais para validar o biomarcador.

Fatores de risco e prevenção

O Alzheimer está associado a fatores de risco modificáveis, como hipertensão, sedentarismo e consumo de álcool. Segundo a professora Claudia Suemoto, da USP, no Brasil, os principais fatores incluem baixa escolaridade, hipertensão na meia-idade e perda auditiva. A identificação precoce pode permitir ajustes no estilo de vida e intervenções médicas que retardem ou previnam a progressão da doença.

Além disso, novas drogas estão em desenvolvimento. Estudos previstos para 2025 avaliarão o impacto da semaglutida, substância presente no medicamento Ozempic, em pacientes com comprometimento cognitivo leve.

Política pública e impacto social

A professora Suemoto destacou a importância de políticas públicas para lidar com fatores de risco, como campanhas educativas e maior acesso ao diagnóstico de hipertensão. "Embora mudanças individuais sejam importantes, apenas políticas públicas podem alcançar a população em larga escala", disse ela.

A descoberta do biomarcador PlGF abre caminho para avanços no diagnóstico, prevenção e tratamento do Alzheimer, oferecendo esperança a milhões de pessoas em todo o mundo.



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