O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) cobrou publicamente nesta sexta-feira (20) uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos assentamentos. Demonstrando insatisfação com a lentidão na implementação da reforma agrária, o movimento anunciou que pretende intensificar as ocupações de terras em todo o país a partir de 2025.
Apesar de reafirmar apoio ao governo no balanço anual de suas atividades, a direção do MST destacou a necessidade de mais ações concretas, incluindo a criação de novos assentamentos e mudanças na estratégia política e de comunicação do Planalto.
João Paulo Rodrigues, uma das principais lideranças do MST, criticou a ausência de visitas de Lula aos assentamentos. “Não é uma crítica destrutiva, mas não é razoável que, em dois anos de governo, o presidente não tenha visitado nenhum assentamento”, declarou.
O descontentamento ocorre em um contexto de recentes ocupações promovidas pelo MST em estados como Rio Grande do Sul e Pará. João Pedro Stedile, outro líder do movimento, classificou a política agrária atual como “vergonhosa” e afirmou que o movimento está cansado de promessas sem resultados concretos.
Rodrigues afirmou que tanto Lula quanto o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, foram formalmente convidados a visitar um assentamento em 2024. A expectativa do MST é que a visita marque o lançamento de novos projetos que garantam avanços até o fim do mandato presidencial.
Já a dirigente Ceres Hadich destacou sua preocupação com os números atuais. “Hoje, temos uma projeção de assentar entre 9 e 10 mil famílias até o início de 2025. No entanto, desde o ano passado, nenhuma família foi efetivamente assentada, contrariando o que o presidente Lula defende publicamente”, afirmou em entrevista ao jornal Estado de Minas.
O MST deixou claro que, apesar de manter apoio ao governo, não pretende recuar em sua pressão por avanços na reforma agrária.