Após causar destruição em Mayotte, território francês no Oceano Índico, o ciclone Chido atingiu Moçambique no dia 15 de dezembro, deixando um rastro devastador. Pelo menos 70 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas, enquanto mais de 40 mil casas foram destruídas. Ao todo, o fenômeno afetou mais de 180 mil pessoas no país, que agora enfrenta o risco de epidemias devido à falta de acesso à água potável e à destruição de infraestrutura básica.
O ciclone registrou ventos de 260 km/h e chuvas intensas. Segundo Bonifácio António, do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), o número de vítimas fatais pode aumentar nas próximas horas, com 50 óbitos já confirmados no distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado.
As autoridades locais e ONGs temem surtos de doenças como cólera, que frequentemente surgem após ciclones no país. Carlos Almeida, da ONG portuguesa Helpo, destacou a precariedade das condições de higiene e a destruição parcial ou total de unidades de saúde, dificultando o atendimento às populações afetadas.
O governo moçambicano, liderado pelo ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, informou que está recebendo apoio de parceiros internacionais, incluindo a Noruega, que já enviou alimentos e suprimentos básicos. Caminhões vindos da cidade da Beira também levarão ajuda às áreas devastadas.
Especialistas apontam que ciclones de intensidade semelhante ao Chido não são incomuns no Oceano Índico, com uma média de três eventos desse porte por ano. No entanto, a trajetória incomum do Chido e a força de seus ventos sugerem influência das mudanças climáticas.
De acordo com um estudo do Imperial College London, publicado em 17 de dezembro, as mudanças climáticas causadas pela atividade humana tornaram os ventos do ciclone Chido mais fortes e aumentaram sua probabilidade de ocorrência em 40%.