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Economia
17/12/2024 22:00:00

Dólar atinge R$ 6,20, apesar de leilões promovidos pelo Banco Central. Entenda os motivos


Dólar atinge R$ 6,20, apesar de leilões promovidos pelo Banco Central. Entenda os motivos

O dólar à vista registrou forte alta nas últimas semanas, atingindo R$ 6,20 nesta terça-feira (17/12), às 12h10, mesmo após intervenções consecutivas do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. Desde sexta-feira (13/12), o BC realizou três leilões extraordinários no mercado à vista para fornecer liquidez à moeda americana. Apesar disso, a alta se mantém devido a incertezas fiscais e fatores sazonais característicos do mês de dezembro.

Incertezas fiscais pressionam o câmbio

Especialistas apontam que a principal razão para a valorização do dólar é a preocupação com o quadro fiscal brasileiro, ou seja, o desequilíbrio entre gastos e receitas públicas. Há receios no mercado de que o pacote de cortes de despesas apresentado pelo governo ao Congresso seja “desidratado” durante sua tramitação.

De acordo com Emerson Vieira Junior, da Convexa Investimentos, os investidores buscam proteção diante desse cenário. “O mercado já mostrou que vai comprar o que o Banco Central oferecer, por isso o dólar não cai, apesar dos leilões realizados nos últimos dias”, destaca.

Desde o início das intervenções, o BC ofertou:

  • US$ 845 milhões na sexta-feira (13/12);
  • US$ 1,63 bilhão na segunda-feira (16/12), a maior intervenção desde 2020;
  • US$ 1,272 bilhão nesta terça-feira (17/12), com taxa de R$ 6,1005.

Busca por liquidez e sazonalidade de dezembro

Embora a questão fiscal seja o fator predominante, Beto Saadia, diretor da Nomos Investimentos, observa que o BC atua também para reduzir a volatilidade no mercado cambial, o que impacta empresas ligadas ao comércio exterior. Com menor volatilidade, os custos de hedge (proteção contra oscilações cambiais) dessas empresas diminuem, ajudando a conter a inflação.

Saadia ressalta que o mês de dezembro apresenta características específicas que justificam as intervenções:

  1. Redução no volume de negociações devido à menor atividade nas mesas de operação, criando desequilíbrios no fluxo cambial;
  2. Aumento da demanda por dólares, principalmente por empresas brasileiras que liquidam contratos de serviços, royalties e fretes, e por multinacionais que repatriam lucros ao exterior antes do fechamento do ano fiscal.

Risco fiscal e cenário político preocupam investidores

A preocupação do mercado é reforçada pela incerteza fiscal e pela proximidade da mudança na diretoria do Banco Central, que deve ocorrer em breve. Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, as frequentes intervenções do BC evidenciam uma pressão estrutural sobre o câmbio, reforçando dúvidas sobre a eficácia das medidas diante de um cenário interno desfavorável.

“No contexto interno, o risco fiscal é o principal fator. As propostas de ajuste do governo têm sido criticadas por sua insuficiência para conter o crescimento da dívida pública”, explica Lima. Além disso, há incerteza quanto à execução prática do pacote de ajustes e críticas recorrentes do governo ao Copom (Comitê de Política Monetária), o que gera dúvidas sobre o comprometimento com a meta de inflação.

O cenário indica que, enquanto as incertezas fiscais e políticas persistirem, a pressão sobre o câmbio deve continuar, mesmo com as intervenções do Banco Central.

 



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