O funcionamento da prisão militar de Sednaya, localizada ao norte de Damasco, na Síria, é considerado um dos capítulos mais sombrios da história recente do regime de Bashar al-Assad. Ex-prisioneiros que sobreviveram descrevem o local como um verdadeiro “matadouro”, um símbolo da brutalidade e opressão que marcaram o governo de Assad.
Após uma ofensiva dos insurgentes liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham), milhares de prisioneiros foram libertados de Sednaya. Estima-se que, em um único dia, entre 20 mil e 50 mil pessoas tenham sido resgatadas, enquanto outros milhares permanecem desaparecidos. Desde a década de 1970, locais como Sednaya eram usados para encarcerar opositores do regime, muitos dos quais simplesmente desapareceram.
Conforme surgem detalhes sobre a prisão, relatos indicam que centenas de prisioneiros teriam sido mortos diariamente. De acordo com a Anistia Internacional, o complexo abrigava uma sala com 30 forcas e um crematório para incinerar os corpos. Métodos de tortura descritos incluem espancamentos com prisioneiros presos em pneus de carro e o uso de uma "prensa humana", conhecida como "tapete voador". Além disso, há registros de abusos sexuais, fome deliberada e condições de encarceramento que levaram muitos à loucura ou à morte.
David Crane, ex-procurador-chefe da ONU, comparou as atrocidades de Sednaya às práticas do regime nazista, classificando os assassinatos como realizados em "escala industrial".
Para os parentes dos desaparecidos, a libertação dos presos trouxe a esperança de encontrar familiares ainda vivos. No entanto, muitos voltam de mãos vazias, realizando funerais simbólicos para seus entes queridos. Alguns dos libertados, após décadas de encarceramento, nem sequer reconhecem o mundo exterior ou lembram seus próprios nomes, evidenciando os efeitos devastadores da tortura física e psicológica.
Um caso emblemático é o de um ex-piloto preso na década de 1980 por se recusar a bombardear civis em Hama, libertado após 43 anos de encarceramento, sem saber que Hafez al-Assad, pai de Bashar, já havia morrido em 2000.
Apesar das denúncias e evidências, o regime de Assad sempre negou as acusações. Porém, organizações de direitos humanos estimam que, entre 2011 e 2018, mais de 30 mil prisioneiros morreram em Sednaya devido a execuções, tortura, fome ou falta de cuidados médicos. Enquanto isso, a busca por celas subterrâneas ocultas no complexo continua, aumentando o temor de que novos horrores sejam descobertos.
A libertação em massa e os relatos das atrocidades reforçam a necessidade de justiça e a responsabilização pelos crimes cometidos no regime de Assad, cujas marcas permanecem profundas na sociedade síria.
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