Após o intenso aquecimento causado pelo El Niño, o oceano Pacífico Equatorial vive atualmente uma fase neutra. Essa condição reduz as chances de eventos climáticos extremos, como secas severas e chuvas intensas, trazendo um alívio momentâneo para o Brasil.
Embora a chegada do La Niña tenha sido prevista para junho de 2024, o fenômeno ainda não se concretizou. A La Niña ocorre quando as águas do Pacífico Equatorial ficam pelo menos 0,5 °C mais frias que a média por três meses consecutivos. Até agora, a temperatura está 0,3 °C abaixo do normal.
Segundo Marcelo Seluchi, do Cemaden, o resfriamento atual não é suficiente para caracterizar a La Niña. A fase neutra, sem os extremos causados por El Niño ou La Niña, tende a trazer condições climáticas mais estáveis, explica Regina Rodrigues, da UFSC. No entanto, as mudanças climáticas globais ainda geram incertezas.
A NOAA aponta que há 59% de chances de a La Niña se formar em breve, embora com baixa intensidade. Historicamente, a La Niña impacta o Brasil de formas variadas: enquanto o Sul enfrenta maior risco de estiagem, a Amazônia e o Nordeste tendem a registrar aumento de chuvas.
A última La Niña, que durou de 2020 a 2023, foi excepcionalmente longa e trouxe efeitos negativos como seca severa no Sul e crise hídrica na bacia do Paraná-Prata, afetando a geração de energia.
O aquecimento global agrava as condições dos oceanos. Em novembro, as temperaturas dos oceanos estavam acima da média, com o Atlântico Norte registrando 0,8 °C a mais que o normal. Isso contribui para eventos como a seca histórica na Amazônia.
Além disso, cientistas alertam para o enfraquecimento da Amoc, um sistema de correntes oceânicas que regula o clima. Se colapsar, o calor pode se concentrar nos trópicos, alterando drasticamente o equilíbrio climático.
Com 2024 próximo de se tornar o ano mais quente já registrado, os impactos do aquecimento global continuam a preocupar. Seluchi explica que oceanos mais quentes intensificam a evaporação, levando a chuvas mais extremas. Paralelamente, o derretimento das calotas polares avança, agravando as consequências para o planeta.
A busca por respostas científicas para essas mudanças é contínua, mas o cenário exige atenção global para mitigar os efeitos das alterações climáticas.