Após quase um ano de confrontos diplomáticos e militares, Etiópia e Somália alcançaram um marco histórico com um acordo mediado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. As negociações, realizadas na quarta-feira (11) em Ancara, duraram oito horas e contaram com a presença do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e do presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud. O acordo assegura o acesso da Etiópia ao litoral somali para uso de portos marítimos, respeitando a soberania de Mogadíscio.
O impasse teve início em janeiro, quando a Etiópia firmou um entendimento com a Somalilândia — uma região separatista da Somália — para arrendar parte do litoral somali. Em troca, a Somalilândia receberia reconhecimento oficial como entidade independente. Tal acordo foi visto pela Somália como uma afronta à sua soberania, gerando tensões que ameaçavam a estabilidade do Chifre da África.
Determinada a conquistar acesso ao mar, Abiy Ahmed declarou no ano passado que a Etiópia não podia mais se contentar com sua condição de país sem litoral, recorrendo a negociações ou até à força para alcançar esse objetivo.
O pacto firmado compromete ambos os países a cooperarem em áreas comerciais e bilaterais, garantindo à Etiópia um acesso marítimo sustentável sob a soberania da Somália. As negociações para definir os detalhes operacionais começarão até fevereiro de 2025 e devem ser concluídas em até quatro meses, com a possibilidade de mediação turca em caso de divergências.
Abiy Ahmed considerou o acordo como uma solução pacífica para os "mal-entendidos" do último ano, destacando os benefícios mútuos da colaboração. Já Hassan Sheikh Mohamud afirmou que o pacto resolve as diferenças, reforçando o compromisso somali com a estabilidade regional. Erdogan, por sua vez, celebrou o desfecho como um marco que fortalece a cooperação entre as partes.
Esse entendimento marca um avanço significativo na redução das tensões no Chifre da África, trazendo esperanças de estabilidade e progresso na região.