Após a queda do regime de Bashar al-Assad, o fechamento da televisão estatal síria por rebeldes gerou expectativas e incertezas sobre o futuro da liberdade de imprensa no país. Durante décadas, a emissora funcionou como um símbolo de controle autoritário, veiculando propaganda do governo.
Nas instalações do canal, retratos de Assad foram removidos e substituídos por bandeiras da revolução. No entanto, a inatividade atual do estúdio de notícias, antes central para as mensagens do regime, reflete o estado de transição política no país.
Mohamed as-Sayed, que trabalhou no canal por 25 anos, relembra o controle rígido exercido pela presidência sobre as informações divulgadas. Já Ahed Sleibi, jovem jornalista que cresceu com a revolução, expressa esperança de que a nova televisão represente pluralismo político e liberdade para criticar os governantes.
“Não lutamos durante 14 anos para substituir uma propaganda por outra. Precisamos de uma imprensa livre e independente”, afirmou Sleibi.
O governo de transição, liderado por uma coalizão rebelde dominada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), anunciou planos para estabelecer um "estado de direito". Segundo o porta-voz Obaida Arnaout, a Constituição e o Parlamento serão revisados por uma comissão jurídica e de direitos humanos.
Embora o HTS afirme ter rompido com o jihadismo, o grupo ainda é classificado como terrorista por diversas nações ocidentais, gerando dúvidas sobre suas intenções democráticas.
O primeiro-ministro de transição, Mohammad al-Bashir, pediu que os sírios exilados retornem ao país para ajudar na reconstrução. Desde o início do conflito em 2011, cerca de 6 milhões de sírios fugiram, resultando em uma crise humanitária de proporções massivas.
Na quinta-feira (12), cerca de 200 pessoas cruzaram a fronteira turca em direção à Síria, sinalizando o início tímido de um possível retorno.
Com a promessa de mudanças e a herança de um regime autoritário, o futuro da liberdade de imprensa e do estado de direito na Síria permanece incerto, enquanto o país tenta se reerguer após anos de guerra civil devastadora.