O avanço das tropas russas na Ucrânia ganhou ritmo nas últimas semanas, alcançando o maior nível de progresso desde os primeiros meses da invasão de 2022. Segundo analistas militares e blogueiros de guerra, a Rússia capturou uma área equivalente à metade do tamanho de Londres no último mês. As informações são da agência Reuters.
Dados da organização independente Agentstvo indicam que, apenas na última semana, o exército russo ocupou cerca de 235 quilômetros quadrados, marcando um recorde semanal em 2024. No acumulado de novembro, o avanço russo somou 600 quilômetros quadrados, com base em dados do grupo DeepState, conhecido por mapear a linha de frente com base em imagens de combate.
O avanço acelerado começou em julho, quando as forças russas intensificaram operações no leste da Ucrânia, enquanto tropas ucranianas realizavam incursões na região ocidental de Kursk. Atualmente, a Rússia controla 18% do território ucraniano, incluindo toda a Crimeia, grande parte de Donbass e regiões significativas de Zaporizhzhya e Kherson, além de uma pequena fração de Kharkiv.
De acordo com o presidente Vladimir Putin, os avanços russos são resultado de estratégias mais eficazes. “A Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia”, declarou ele após uma troca no comando do Ministério da Defesa em maio.
No entanto, os combates permanecem intensos. O Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia relatou 45 batalhas em diferentes frentes na região de Kurakhove na segunda-feira (25). Se a Rússia romper as defesas ucranianas nessa área, analistas acreditam que Moscou poderá avançar em direção a Zaporizhzhya, consolidando ganhos estratégicos.
A análise é corroborada pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês). “Oficiais militares ucranianos continuam a alertar sobre potenciais operações terrestres russas contra a cidade de Zaporizhzhya, embora o cronograma e a escala desta operação ofensiva permaneçam obscuros devido às restrições operacionais impostas pelas operações russas em andamento nas regiões de Kursk e Donetsk”, diz a entidade em seu relatório periódico.
Por sua vez, a revista The Economist relatou a mobilização de 130 mil tropas russas para um ataque massivo em Zaporizhya, o que, segundo a publicação, evidencia uma nova fase na guerra. A inteligência ucraniana alerta que esse movimento busca consolidar a ocupação de uma área estratégica, essencial para a sobrevivência econômica do país devido à sua relevância industrial.
Desde 2022, quando Vladimir Putin anexou a província após um referendo amplamente condenado como fraudulento, os ataques russos têm se intensificado, destruindo milhares de residências e afetando diretamente civis. Apesar das divergências entre comandantes ucranianos sobre a iminência do ataque, as forças locais reforçam defesas, prevendo um impacto significativo caso a ofensiva seja lançada.
O avanço russo, marcado por táticas brutais e o uso de tropas descartáveis, demonstra uma abordagem adaptada após os erros iniciais da invasão, enquanto a Ucrânia enfrenta desafios de recrutamento e qualidade das forças mobilizadas.