O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) revelou nesta segunda-feira (25) que possui informações consistentes que indicam que tropas norte-coreanas na Rússia sofreram baixas. A declaração veio em meio a relatos crescentes sobre a participação de soldados norte-coreanos nos combates na região de Kursk, na Rússia, ao lado das forças do Kremlin contra a Ucrânia. As informações são da rede Radio Free Asia.
Estima-se que a Coreia do Norte tenha mobilizado cerca de 11 mil soldados para apoiar a Rússia, com oito mil desses combatentes posicionados na região de Kursk. Apesar de pertencerem à elite militar do país, conhecidos como “Boinas Negras”, especialistas avaliam que os soldados enviados não representam os melhores efetivos do regime de Kim Jong-un. O número, segundo Dmytro Ponomarenko, embaixador da Ucrânia na Coreia do Sul, pode crescer para 15 mil nos próximos meses.
Embora o NIS tenha confirmado as baixas, evitou comentar detalhes, incluindo um relatório que afirma que 500 soldados norte-coreanos morreram em um ataque ucraniano com mísseis Storm Shadow de fabricação britânica.
Imagens divulgadas por blogueiros pró-Rússia mostram que até 12 mísseis atingiram um possível quartel-general de comando localizado na vila de Maryno, próxima à região de conflito. A Global Defense Corp relatou que o local poderia estar sendo usado por oficiais norte-coreanos e russos para coordenar operações conjuntas.
O The Wall Street Journal, citando fontes de segurança ocidentais, informou que o ataque não apenas destruiu o quartel-general, mas também resultou na morte de um alto oficial norte-coreano, cujo nome não foi divulgado.
A Ucrânia confirmou o uso do míssil britânico no ataque, intensificando o debate sobre a influência ocidental no fornecimento de armamentos para a guerra. O governo britânico, entretanto, manteve silêncio sobre o ocorrido, enquanto a Rússia e a Coreia do Norte seguem sem confirmar a presença de tropas norte-coreanas no território russo.
Em nota, o NIS declarou que está acompanhando “atentamente” os desdobramentos e que sua inteligência corrobora a existência de baixas significativas entre os soldados norte-coreanos. No entanto, a agência não forneceu números exatos, levantando questões sobre a real extensão do impacto no apoio militar da Coreia do Norte à Rússia.
O Conselheiro de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Shin Won-sik, afirmou que a Coreia do Norte recebeu mísseis antiaéreos e outros equipamentos de defesa aérea da Rússia em troca do envio de tropas para auxiliar Moscou em sua guerra contra a Ucrânia.
Em entrevista concedida à emissora sul-coreana SBS na sexta-feira (24), Shin declarou que a Rússia forneceu esses recursos para fortalecer o sistema de defesa aérea da Coreia do Norte, considerado vulnerável. Ele também mencionou que o apoio russo incluiu tecnologias militares avançadas, incluindo aquelas voltadas para o desenvolvimento de satélites, um campo em que Pyongyang enfrenta desafios técnicos significativos.
A entrega dessas tecnologias teria sido intensificada após o fracasso do lançamento do satélite espião militar norte-coreano em 27 de maio. Segundo Shin, Moscou já havia sinalizado a intenção de colaborar nesse setor, alinhando-se aos interesses estratégicos de ambas as nações.
Além dos avanços tecnológicos, Shin sugeriu que a Rússia teria prestado assistência econômica ao regime norte-coreano, embora os detalhes dessa cooperação permaneçam obscuros. Ele também comentou sobre o envio de tropas norte-coreanas para apoiar a Rússia, afirmando que, caso se concretize, o número máximo estimado seria de 4 mil soldados.
Embora tenha ressaltado que não há informações definitivas sobre a mobilização de forças adicionais, Shin enfatizou que a hipótese não pode ser descartada completamente.
Sobre a possibilidade de o conflito entre Rússia e Ucrânia evoluir para um confronto global ou nuclear, o conselheiro avaliou que esse cenário é improvável. “Seria extremamente difícil para a Rússia recorrer ao uso de armas nucleares neste momento”, declarou.
A aliança crescente entre Moscou e Pyongyang vem preocupando os países do leste asiático e do Ocidente, que veem a cooperação militar como uma ameaça à estabilidade regional e global. Analistas alertam que o fortalecimento dessa parceria pode ampliar os desafios geopolíticos, intensificando tensões no já delicado equilíbrio de poder no nordeste