Os tiros cruzados e os combates terrestres entre o Hezbollah e o Exército israelense foram violentos neste domingo (24). O dia foi marcado pelo envio de centenas de mísseis do partido xiita contra Israel e dezenas de ataques aéreos de Tel Aviv ao Líbano. A artilharia israelense também atacou uma posição do Exército libanês, que não está envolvido na guerra.
Um dia depois dos bombardeios israelenses a Beirute na madrugada de sábado (23), que deixaram 29 mortos e mais de 65 feridos, o Hezbollah realizou neste domingo uma escalada sem precedentes, disparando centenas de foguetes e mísseis de grande calibre contra o norte e o centro de Israel.
O partido xiita assumiu a responsabilidade por 32 operações militares, incluindo o disparo de três salvas de mísseis de precisão nos arredores de Tel Aviv.
O Hezbollah bombardeou várias cidades importantes na costa israelense, de Nahariyya a Ashdod, a 150 quilômetros da fronteira, e teve como alvo a Galileia, desde Safad, no leste, até Haifa, no oeste.
Os combates terrestres continuam em torno de Khyam, cidade libanesa próxima da fronteira, e de Biyada, ao sul de Beirute. Uma posição do Exército libanês foi atingida, nas proximidades da cidade de Tiro, no sul do país, matando um soldado, ferindo 18 e causando danos significativos nas bases libanesas.
A força aérea israelense retomou ataques aos subúrbios do sul de Beirute no final da tarde.
As tropas israelenses tentam tomar Biyada para cortar uma estrada costeira entre Tiro e Naqoura e isolar três vales, onde o Hezbollah alegadamente tem numerosas plataformas de lançamento destinadas a Haifa e à costa israelense.
O Exército israelense também pretende tomar Khyam, uma grande cidade estratégica com vistas para o Dedo da Galileia, região mais ao norte de Israel. Mas nesta fase da batalha, o Hezbollah continua a resistir em ambas regiões.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, fez um apelo neste domingo, em visita a Beirute, a um “cessar-fogo imediato” na guerra entre Israel e o Hezbollah.
"Vemos apenas um caminho possível: um cessar-fogo imediato e a plena implementação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU", disse Borrell após se reunir com o primeiro-ministro libanês Najib Mikati e o chefe do Parlamento Nabih Berri.
A Resolução 1701, que pôs fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006, estipula que apenas o Exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU sejam destacados para a fronteira sul do Líbano. Isto implica uma retirada do Hezbollah, mas também dos soldados israelenses que realizam uma ofensiva terrestre na região desde 30 de setembro.
“Devemos pressionar o governo israelense e manter a pressão sobre o Hezbollah para que aceitem a proposta de cessar-fogo americana”, disse Borrell, sublinhando que a UE está disposta a fornecer € 200 milhões para fortalecer o Exército libanês.
A proposta de 13 pontos, que prevê uma trégua de 60 dias e o envio do Exército para o sul do Líbano, foi discutida pelo enviado americano Amos Hochstein, que visitou o Líbano e Israel esta semana. Mas nenhum resultado foi anunciado e o ritmo dos ataques israelenses, principalmente contra redutos do Hezbollah no Líbano, aumentou.