O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou uma posição “fraca” em relação à guerra entre Ucrânia e Rússia. A declaração foi feita em entrevista à analista de Internacional da CNN, Fernanda Magnotta, que está em Kiev, capital da Ucrânia. Ela viajou a convite do governo ucraniano em uma comitiva de acadêmicos e intelectuais.
E conversa com o grupo, Zelensky comentou o relatório final do G20, sediado no Brasil, que evitou condenar as ações da Rússia na guerra. Para ele, a cúpula do bloco foi realizada com pouco apoio à Ucrânia. “Quero ser bastante direto e transparente: se quisermos boas relações entre as nossas nações, precisaremos apoiar primeiro as pessoas, e não os agressores e os líderes da agressão, como Putin e a Rússia de hoje”, disse o presidente ucraniano.
Zelensky afirmou ainda que o “comunicado do G20 mostrou uma posição fraca em uma situação muito difícil e que se tornou pública”.
As críticas também se estenderam ao presidente Lula. O presidente da Ucrânia disse que, apesar de já terem tido um “bom diálogo” em uma ocasião nos Estados Unidos, “infelizmente, o líder do Brasil também mostrou uma posição fraca nesta guerra. Não acho que o populismo possa deter Putin”.
O Brasil, visto como um possível mediador do conflito, teve a posição questionada na fala de Zelensky. “Não pode haver mediação brasileira neste caso, porque o país não mostrou sua voz durante o G20 em relação à agressão de Putin e da Rússia, não se expressou. Essa fraqueza dá para Putin a oportunidade de disparar novos mísseis, mesmo durante eventos tão grandes quanto a cúpula”, enfatizou.
Volodymyr Zelensky afirmou não querer ficar “na sombra de uma diplomacia sem sentido, tentando um tom ameno”.
“Acredito que, se houver declarações, apelos e passos fortes, Putin não se comportará assim. É por isso que penso que o G20 foi o que foi — tendo em conta o tema da Ucrânia”, concluiu o presidente.
Após a fala de Zelensky, a analista da CNN conversou com o embaixador do Brasil na Ucrânia, Rafael de Melo Vidal.
Segundo ele, a “posição do G20 não é a posição do Brasil e é natural que Zelensky busque declarações fortes sobre a guerra”.
Para Vidal, o presidente Lula foi contundente nas declarações contra a guerra e “a posição brasileira é a defender a soberania ucraniana”.
“Ao lado da China, o Brasil visa construir pontes para a negociação entre os dois lados, como um facilitador do diálogo. Nosso país está interessado na paz”, declarou o embaixador.
A CNN procurou o Itamaraty e o Palácio do Planalto sobre as falas de Zelensky e aguarda posicionamento.