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Mundo
25/11/2024 00:00:00

Iraque anuncia importante vitória sobra o Estado Islâmico em operação que feriu militares dos EUA

Nove membros do grupo teriam sido mortos na mais recente ação iraquiana, sendo uma das vítimas o principal líder da facção no país


Iraque anuncia importante vitória sobra o Estado Islâmico em operação que feriu militares dos EUA

Após o anúncio dos EUA de que quatro membros do Estado Islâmico (EI) foram mortos em uma operação realizada na semana passada no Iraque, o governo iraquiano relatou mais uma importante vitória contra o grupo terrorista. Desta vez, o principal líder da facção no país árabe teria sido morto. As informações são do site The Defense Post.

Jassim al-Mazrouei Abu Abdel Qader, que o EI considerava o “governador” do Iraque, teria sido morto em uma operação nas montanhas de Hamrin, no norte iraquiano, com apoio “técnico e logístico” das Forças Armadas norte-americanas.

De acordo com o Comando de Operações Conjuntas do Iraque, que se manifestou sobre a operação na terça-feira (22), “grandes quantidades de armas” foram apreendidas, e no momento do anúncio a operação “ainda estava em andamento”.

O relato foi confirmado pelo porta-voz do Pentágono, major-general Pat Ryder, segundo quem foi realizado um “ataque conjunto no Iraque, visando vários líderes seniores do EI”. Ele afirmou, ainda, que “dois militares dos EUA que ficaram feridos” e estão em “condições estáveis”.

Quem também celebrou o sucesso da operação foi o primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani, cujo gabinete emitiu uma nota destacando o “assassinato do chamado governador do Iraque e de oito líderes seniores da organização terrorista Daesh”, usando uma sigla em árabe para se referir ao EI.

Na semana passada, o Comando Central (Centcom) das Forças Armadas dos EUA havia anunciado que um ataque aéreo realizado pelas Forças Armadas iraquianas matou outro oficial do Ei, bem como três combatentes do grupo.

O oficial EI morto na operação foi identificado como Shahadhah Allawi Salih Ulaywi al-Bajjari, também conhecido como Abu Issa. Ele era a mais graduada autoridade do grupo terrorista no norte do Iraque.

Os EUA mantêm cerca de 2,5 mil soldados no Iraque, mas eles se preparam para encerrar a missão até setembro de 2025. A partir dali, os militares permanecerão por mais um ano na Síria, de onde sairão em setembro de 2026.

Por que isso importa?

Estado Islâmico (EI) passou por um processo de enfraquecimento que começou com a derrota da organização em seus dois principais redutos. No Iraque, o exército iraquiano retomou todos os territórios que o grupo dominava desde 2014. Já as FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda apoiada pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela facão extremista na Síria.

Desde fevereiro de 2022, o EI sofreu diversos duros golpes, com três líderes da organização mortos em operações de combate ao terrorismo. O mais recente deles foi Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, morto em abril. O governo turco reivindicou a ação, embora a própria organização terrorista alegue que o comandante morreu em confronto com o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), uma organização extremista associada à Al-Qaeda e listada pelo governo norte-americano como terrorista.

Ultimamente, porém, os EUA relatam um ressurgimento do grupo extremista que se concentra na Síria, onde novos seguidores são treinados para atuar como homens-bomba. Diante de tal cenário, dobraram em 2024 os ataques contra as forças aliadas de combate ao terrorismo, que ocorrem também no Iraque.

Mas o continente onde a facção mantém presença mais relevante é a África, através de afiliados locais. Um deles é o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS), que ampliou sua área de atuação, com aumento de ataques no Mali, em Burkina Faso e no Níger. Ainda tenta alcançar a Nigéria para fins logísticos e de recrutamento, possivelmente em colaboração com o ISWAP” (Estado Islâmico da África Ocidental).

“Apesar do progresso feito no direcionamento de suas operações financeiras e quadros de liderança, a ameaça representada pelo Daesh (sigla árabe para se referir ao grupo) e suas afiliadas regionais permaneceu alta e dinâmica nas amplas áreas geográficas onde está presente”, diz relatório divulgado em agosto de 2023 pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Terrorismo no Brasil

Episódios recentes mostram que o Brasil é visto como porto seguro pelos extremistas e é, também, um possível alvo de ataques. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al-Qaeda, Jihad Media Battalion, HezbollahHamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao EI foram presos e dois fugiram.

Mais tarde, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles foram acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

A ameaça voltou a ser evidenciada com a prisão, em outubro de 2023, de três indivíduos supostamente ligados ao Hezbollah que operavam no Brasil. Eles atuavam com a divulgação de propaganda do grupo extremista e planejavam atentados contra entidades judaicas.

Para o tenente-coronel do exército brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), tais episódios causam “preocupação enorme”, vez que confirmam a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras).

A opinião é compartilhada por Barbara Krysttal, gestora de políticas públicas e analista de inteligência antiterrorismo.

“O Brasil recorrentemente, nos últimos dez, cinco anos, tem tido um aumento significativo de grupos terroristas assediando jovens e cooptando adultos jovens para fazer parte de ações terroristas no mundo todo”, disse ela, que também vê o país sob ameaça de atentados. “Sim, é um polo que tem possibilidade de ser alvo de ações terroristas.”



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