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Guerra
23/11/2024 00:00:00

Ataque ucraniano com míssil em Kursk deixa ferido um general norte-coreano

O conflito entre Rússia e Ucrânia ganha novas dimensões com a presença crescente das tropas cedidas pela Coreia do Norte


Ataque ucraniano com míssil em Kursk deixa ferido um general norte-coreano

Na quinta-feira (21), um general norte-coreano foi ferido em um ataque com mísseis ucranianos na região de Kursk, sudoeste da Rússia. O ataque foi realizado pela Ucrânia com mísseis Storm Shadow, fornecidos pelo Reino Unido, e atingiu a propriedade de Maryino, localizada a aproximadamente 32 quilômetros das linhas de frente do conflito. As informações foram repercutidas pelo The Moscow Times.

Fontes ucranianas e ocidentais afirmam que o local, oficialmente operando como um sanatório sob a administração russa, abrigava um posto de comando militar russo e um centro de comunicações. De acordo com informações da mídia ucraniana, generais norte-coreanos estavam presentes durante o ataque.

Embora a identidade do general ferido não tenha sido revelada, fontes do governo sul-coreano e ucraniano apontam que Kim Yong Bok, coronel-general da Coreia do Norte, havia sido enviado para supervisionar a colaboração entre Pyongyang e Moscou.

As autoridades russas confirmaram o uso dos mísseis Storm Shadow no ataque, enquanto as forças de defesa territorial locais afirmaram que 12 mísseis foram disparados contra o complexo de Maryino. Embora o ataque tenha causado danos significativos, não foi esclarecido o número exato de vítimas ou a gravidade dos ferimentos do oficial norte-coreano.

Uma relação em expansão

A Coreia do Norte tem desempenhado um papel crescente no apoio à Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, com Moscou fornecendo mísseis de defesa aérea e outros equipamentos militares a Pyongyang em troca de apoio estratégico.

A presença de oficiais norte-coreanos em áreas estratégicas da Rússia é vista como um reflexo da intensificação da cooperação militar entre os dois países. Para analistas internacionais, a movimentação de tropas norte-coreanas em solo russo e o fornecimento de recursos militares à Coreia do Norte por parte da Rússia são indicativos de uma aliança que visa desafiar a ordem internacional liderada por potências ocidentais, principalmente os Estados Unidos.

Campo de batalha

O ataque com mísseis a Maryino não é apenas mais um episódio das intensas hostilidades entre Rússia e Ucrânia, mas também um sinal claro de que a guerra está se tornando cada vez mais multifacetada, envolvendo potências como a Coreia do Norte. A presença militar norte-coreana na região de Kursk, um dos principais focos de tensão entre os exércitos russo e ucraniano, aumenta o risco de escalada do conflito.

Além disso, a crescente colaboração entre Pyongyang e Moscou levanta questões sobre a dinâmica geopolítica na Ásia e no Leste Europeu, com as potências ocidentais observando com cautela o estreitamento das relações militares entre os dois países.

O governo ucraniano, por sua vez, continua a intensificar seus esforços para enfraquecer a infraestrutura militar russa e minar as alianças que Moscou tem tentado fortalecer ao longo do conflito. O uso de mísseis Storm Shadow, uma arma de alta precisão, destaca a capacidade da Ucrânia de atingir alvos estratégicos com grande eficácia, embora o custo de uma guerra prolongada continue a ser um desafio para as forças ucranianas.

O futuro da aliança Rússia-Coreia do Norte

Rússia estaria mobilizando recursos significativos para trazer até cem mil soldados norte-coreanos ao seu território, em um controverso acordo que gerou preocupações internacionais. Analistas especializados na fechada nação afirmam, porém, que os militares enviados provavelmente não receberão os valores prometidos, com os recursos indo parar nas mãos do ditador Kim Jong-un e da sua elite governamental.

Estima-se que a Coreia do Norte tenha mobilizado cerca de 11 mil soldados para apoiar a Rússia, com oito mil desses combatentes posicionados na região de Kursk. Apesar de pertencerem à elite militar do país, conhecidos como “Boinas Negras”, especialistas avaliam que os soldados enviados não representam os melhores efetivos do regime de Kim. O número, segundo Dmytro Ponomarenko, embaixador da Ucrânia na Coreia do Sul, pode crescer para 15 mil nos próximos meses.

Relatórios da inteligência sul-coreana indicam que a Rússia estaria pagando aproximadamente US$ 2.000 (cerca de R$ 11,5 mil) por mês por soldado. Se confirmada, a presença dos 11 mil militares já em solo russo implicaria um custo de US$ 22 milhões mensais — valor que pode se multiplicar à medida que mais tropas sejam enviadas.

Contudo, a realidade para os soldados norte-coreanos pode ser bem diferente. Desertores do regime de Kim relatam que os salários médios no país não chegam a US$ 1 por mês. Assim, mesmo uma fração dos valores pagos pela Rússia representaria uma mudança drástica na vida dos combatentes. “É improvável que esses pagamentos cheguem diretamente aos soldados. Na prática, os valores devem ser apropriados pelo governo norte-coreano”, apontou um especialista em regimes autoritários ouvido pela Associated Press.

A unidade de elite dos “Boinas Negras” é formada por tropas de elite conhecidas por realizar missões de alto risco, incluindo sequestros e assassinatos de desertores e agentes estrangeiros. Apesar de sua reputação, os soldados enviados à Rússia parecem ser uma linha de frente composta por recrutas menos experientes, usados como teste inicial para futuras operações mais elaboradas.



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