O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram nesta sexta-feira (15/11) a primeira conversa em quase dois anos. O telefonema ocorreu apesar de o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, ter pedido ao chefe de governo alemão que evitasse o contato com o líder russo.
Scholz pediu a Putin o início de negociações com a Ucrânia no intuito de abrir caminho para uma "paz justa e duradoura" que acabe com o conflito, iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa do território ucraniano.
Na conversa de uma hora, Scholz também exigiu a retirada das tropas russas da Ucrânia e reafirmou o apoio contínuo de Berlim a Kiev, segundo informou um porta-voz do governo alemão.
A Ucrânia vem enfrentando condições cada vez mais difíceis nas frentes de batalha, em meio à escassez de armamentos e de pessoal, enquanto as forças russas fazem avanços.
"O chanceler pediu que a Rússia mostre disposição para entrar em negociações com a Ucrânia com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura", disse o porta-voz, em nota. "Ele enfatizou a determinação inabalável da Alemanha em apoiar a Ucrânia em sua defesa contra a agressão russa pelo tempo que for necessário."
Segundo o porta-voz, Scholz falou com Zelenski antes de sua ligação com Putin, e iria informar o líder ucraniano sobre o resultado da conversa.
Uma fonte no gabinete presidencial da Ucrânia citada pela agência Reuters relatou que Zelenski teria alertado o chanceler federal alemão contra falar com Putin por telefone, dizendo que isso reduziria o isolamento do líder russo e manteria a guerra.
"O presidente disse que isso só ajudaria Putin ao reduzir seu isolamento. Putin não quer paz de verdade, ele quer uma pausa", disse a fonte. "Falar com ele deixará Putin mudar o cenário e manter a guerra acontecendo. Não trará paz, porque Putin apenas repetirá as mentiras que ele vem contando há anos, fazendo parecer que ele não está mais isolado."
A Alemanha é o maior apoiador financeiro da Ucrânia e seu maior fornecedor de armas depois dos Estados Unidos, cujo futuro apoio a Kiev parece incerto após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas.
Trump criticou repetidamente a escala da ajuda financeira e militar ocidental à Ucrânia e sugeriu que seria capaz de dar um fim rápido à guerra, sem explicar como pretende atingir esse objetivo.