As forças russas registraram sua maior perda em um único dia desde o início da guerra da Ucrânia, com aproximadamente 1,95 mil soldados mortos na segunda-feira (11), segundo o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas. Esse número,. que carece de verificação independente, ultrapassa a média diária de nascimentos masculinos na Rússia, que foi de cerca de 1.836 em 2022, último ano registrado pelo do site de dados Statista. As informações são da revista Newsweek.
A comparação entre a taxa de mortalidade no campo de batalha e a taxa de natalidade masculina ressalta um cenário alarmante para a demografia russa. O país já enfrenta uma crise de natalidade, com nascimentos em queda constante nos últimos anos. A taxa de fertilidade russa está em 1,5 filho por mulher, bem abaixo da taxa de 2,1 necessária para manter a população estável. Essa tendência tem sido atribuída, em parte, ao impacto do conflito.
Em resposta à baixa natalidade, o governo russo lançou iniciativas para incentivar nascimentos, incluindo pagamentos às mulheres que tiverem filhos. Em algumas regiões, como Khabarovsk, o governo oferece até 110 mil rublos russos (R$ 6,5 mil) para jovens de 18 a 23 anos que decidam ter um filho. Em outras localidades, como Chelyabinsk, o incentivo para o primeiro filho pode chegar a 1 milhão e rublos russos (R$ 62,4 mil).
Além dos incentivos financeiros, o governo tem proposto outras medidas para reverter a queda demográfica. Uma das ideias discutidas inclui apoiar financeiramente a noite de núpcias dos casais recém-casados, com o objetivo de promover o aumento das taxas de gravidez.
Em um tom polêmico, um ministro regional de saúde sugeriu que as mulheres deveriam considerar “procriar nos intervalos de trabalho”, afirmando que a falta de tempo não deveria ser um obstáculo para o aumento da população. Em outro caso extremo, membros da Duma sugeriram liberar mulheres presas para terem filhos, com a possibilidade de reduzir suas penas em troca da contribuição para a natalidade nacional.
Essa combinação de fatores reflete a urgência da Rússia em buscar soluções para um desafio que vai além da guerra atual. A crise demográfica afeta não só as perspectivas de reposição populacional, mas também representa um alerta sobre os impactos a longo prazo de um conflito prolongado, que segue cobrando um alto preço em vidas e, ao mesmo tempo, reduzindo o crescimento da população jovem.
Moscou, entretanto, não divulga estatísticas sobre mortes na guerra nem confirma os números anunciados por Kiev. Assim, o levantamento mais confiável é feito em parceria pela rede BBC e o site investigativo Mediazona. Os investigadores consideram apenas casos em que é possível identificar os combatentes pelo nome, e até 7 de novembro registraram 77.143 russos mortos.