O primeiro-ministro de Israel reconheceu neste domingo (10/11) pela primeira vez que ordenou a detonação dos pagers e walkie-talkies explosivos que afetou duramente o grupo Hezbollah em setembro. A operação deixou ao menos 39 mortos e mais de 3.500 feridos no Líbano.
Benjamin Netanyahu confirmou a autoria israelenses e recordou também a sua responsabilidade na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, numa declaração vista como uma crítica velada ao ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, que foi demitido nesta semana.
Essa é a primeira confirmação oficial por parte de um membro do governo israelense de que o país esteve por trás da ousada operação que resultou nas explosões de centenas de pagers e walkie-talkies. A ação precedeu o início de operações terrestres israelenses no sul do Líbano, que expandiram o conflito na região, antes restrito a trocas de tiros entre soldados e membros do Hezbollah e lançamento de foguetes.
"A operação com 'pagers' e a eliminação do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi desencadeada apesar da oposição de altos funcionários da classe militar e seus responsáveis nas fileiras políticas", disse Netanyahu, de acordo como o jornal israelense 'Times of Israel'.
O distanciamento entre Gallant e Netanyahu aumentou à medida que outra guerra travada por Israel se arrasta, na Faixa de Gaza. O conflito no enclave palestino está em andamento desde a ofensiva terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Os dois homens tinham diferenças táticas, com Gallant criticando abertamente a insistência de Netanyahu em continuar a pressão militar sobre o Hamas. Em vez disso, ele favorecia um acordo diplomático que, segundo ele, poderia trazer de volta os reféns israelenses ainda mantidos pelo Hamas em Gaza.
Netanyahu já havia tentado demitir Gallant antes, em março de 2023, quando o ministro criticou a controversa reforma do Judiciário promovida pelo premiê, mas a potencial saída provocou protestos de rua. Netanyahu também flertou com a ideia de demitir Gallant durante o verão, mas adiou até o anúncio até a última terça-feira, quando os olhos do mundo estavam voltados para a eleição presidencial dos EUA.