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Saúde
07/11/2024 08:00:00

Canabidiol auxilia no tratamento de jovens com autismo, mostra estudo brasileiro

Estudo é liderado por neurologista infantojuvenil do Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB)


Canabidiol auxilia no tratamento de jovens com autismo, mostra estudo brasileiro

Um estudo realizado no Brasil e liderado por Jeanne Alves de Souza Mazza, neurologista infantojuvenil no Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB), revelou resultados promissores no tratamento do autismo com canabidiol. Segundo o trabalho, que será apresentado esta semana no Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil, o tratamento foi capaz de reduzir com sucesso sintomas comuns, como irritabilidade, agressividade e dificuldades de comunicação.

A pesquisa incluiu 30 pacientes, com idades entre 5 e 18 anos, diagnosticados com autismo de nível 2 ou 3 de suporte. A duração do estudo foi de sete meses, sendo seis meses dedicados ao tratamento e monitoramento dos pacientes. Jeanne detalhou que o tratamento de TEA é desafiador, principalmente devido à limitação de opções terapêuticas eficazes e que muitas causam efeitos colaterais sem melhorar aspectos centrais do transtorno, como a comunicação e a interação social. O canabidiol foi então testado como última alternativa.

Para o estudo, os cientistas selecionaram pacientes sem epilepsia ou comorbidades sindrômicas para evitar que os efeitos observados fossem confundidos. O Nabix 10000, composto por 33 partes de canabidiol (CBD) e 1 parte de tetraidrocanabinol (THC), produziu resultados positivos. Segundo os pesquisadores, ao contrário das doses de até 15 miligramas por quilo usadas no tratamento da epilepsia, no estudo foram estabelecidos entre dois e três miligramas para cada quilo de massa corporal do paciente. Conforme os resultados, a maioria dos participantes já apresentou melhorias no primeiro mês de tratamento;

O estudo foi conduzido com acompanhamento rigoroso da FarmaUSA, desde a elaboração do protocolo clínico até a conclusão. De acordo com os cientistas, o produto foi administrado com uma seringa dosadora, permitindo uma dosagem precisa e adaptada a cada caso específico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que contribuiu para uma maior segurança.

Os resultados mostraram que 70% dos pacientes apresentaram melhorias notáveis, especialmente em relação à agressividade e irritabilidade, o que impactou positivamente no aprendizado. A redução da agitação permitiu às crianças e adolescentes se concentrarem melhor nas atividades escolares e terapêuticas. 

Conforme Helder Colmenero, diretor científico da FarmaUSA, o uso de produtos de cannabis no Brasil se tornou uma realidade a partir de uma legislação da Anvisa de maio de 2015. “Hoje, temos quase 10 anos com esses produtos acessíveis aos pacientes. O que temos observado é um mercado que cresce cada vez mais, agora também com produtos disponíveis nas farmácias. No entanto, tanto os produtos importados quanto os oferecidos nas farmácias ainda carecem de uma indicação terapêutica específica, respaldada por estudos clínicos.” Segundo ele, muitas farmacêuticas sérias estão avançando para um novo patamar de qualificação dos produtos de cannabis e investindo em pesquisa clínica.

Além disso, 63% dos voluntários tiveram melhoria em questões sensoriais, como a sensibilidade a determinados alimentos ou ao toque. Muitos pacientes também apresentaram avanços na aceitação de sons e toques, com destaque para a melhoria na interação social, já que 67% dos casos registraram progresso significativo na comunicação e na capacidade de compreender e ser compreendido.

Outro benefício observado foi a redução dos comportamentos repetitivos, como movimentos estereotipados das mãos e balançar o corpo. Ademais, 60% dos pacientes diagnosticados com TDAH tiveram melhorias na hiperatividade e agitação. Embora o canabidiol com THC não seja um psicoestimulante, ele se mostrou um coadjuvante útil, trazendo benefícios significativos para esses pacientes.

O estudo também apontou uma redução significativa na polifarmácia, com 74% dos participantes conseguindo reduzir ou interromper o uso de pelo menos um medicamento convencional. 



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