O exército da Ucrânia se deparou com tropas da Coreia do Norte pela primeira vez desde que Pyongyang decidiu enviar seus soldados para apoiar a Rússia, conforme confirmou o ministro da Defesa ucraniano nesta terça-feira (5). As informações são do site Politico.
Rustem Umerov mencionou que ocorreram “conflitos de pequena escala” entre as forças de Kiev e os militares norte-coreanos durante uma entrevista à imprensa sul-coreana, mas não ofereceu mais informações.
Andriy Kovalenko, chefe do Centro de Combate à Desinformação da Ucrânia, afirmou na segunda-feira (4) que soldados norte-coreanos “já foram atacados” na região russa de Kursk.
Quando questionado se esse envolvimento significava que a Coreia do Norte havia oficialmente se unido à guerra, Umerov respondeu: “Sim, acredito que sim. Foi uma surpresa”.
Ele também acrescentou: “Esperamos mais compromissos nas próximas semanas”.
O relatório gera preocupações de que a presença das forças de Pyongyang no campo de batalha possa representar uma escalada do conflito, envolvendo um terceiro país, segundo a Al Jazeera.
Segundo avaliações de inteligência dos EUA, Coreia do Sul e Ucrânia, estima-se que Pyongyang tenha transferido entre 10 mil e 12 mil soldados para a Rússia, entre eles 500 oficiais e três generais. Caso essas tropas iniciem o combate contra as forças ucranianas, será a primeira vez que a Coreia do Norte participa de um conflito em larga escala desde o fim da Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.
Kim Jong-un tem usado a guerra entre Rússia e Ucrânia para fortalecer a cooperação militar e econômica com a Rússia, em meio à pressão dos EUA sobre o programa nuclear norte-coreano. EUA, Coreia do Sul e outros países acusam a Coreia do Norte de fornecer armas, como projéteis de artilharia e mísseis, para a Rússia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu no sábado (2) que os aliados de Kiev suspendam a proibição de ataques com mísseis de longo alcance em território russo, visando atingir as tropas da Coreia do Norte. Ele ressaltou que “todos estão apenas aguardando” o início dos ataques dos militares norte-coreanos contra os ucranianos.
A Coreia do Sul e a União Europeia (UE) condenaram, em uma declaração conjunta nesta segunda-feira (4), o envio de armamentos pela Coreia do Norte para Moscou e exigiram que o país retirasse suas tropas enviadas em apoio à Rússia na guerra contra a Ucrânia.
A declaração foi feita durante a primeira reunião do “Diálogo Estratégico” entre o bloco econômico e Seul, realizada na capital sul-coreana, logo após Washington e Seul alertarem sobre o envio de soldados norte-coreanos para auxiliar as forças de Vladimir Putin.
Durante o encontro, o ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong Hyun, e o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, manifestaram “sérias preocupações” sobre o suposto envio de tropas norte-coreanas e “condenaram veementemente” essa ação, segundo declaração do Ministério da Defesa da Coreia do Sul.