O Brasil teria vetado informalmente a admissão da Venezuela como como país parceiro do BRICS, numa lista que será discutida a partir desta quarta-feira (23) na 16ª reunião de cúpula do bloco de países emergente, realizada em Kazan, na Rússia, informou hoje o jornal Folha de S. Paulo.
Embora a relação ainda não esteja fechada, o jornal colocou entre as nações que receberão o convite Cuba e Bolívia, Indonésia e Malásia, Uzbequistão e Cazaquistão, Tailândia e Vietnã, Nigéria e Uganda, e Turquia e Belarus.
Uma prova de que essa lista ainda pode ser alterada foi uma entrevista concedida nesta terça-feira (22) pelo assessor do Kremlin, Yury Ushakov, ao Channel One. Ele afirmou que 13 países, e não 12, estão realizando consultas sobre a obtenção do status de Estado parceiro do BRICS. “Falando francamente, existem 13 deles”, citou a agência de notícias Tass.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse anteriormente que até 30 estados expressaram o desejo de se juntar ao trabalho do BRICS de uma forma ou de outra.
Segundo disse um diplomata ao jornal brasileiro, a Argélia voltou ao páreo, após ter sido excluída, junto com o Marrocos, que são dois países rivais. Mas a reportagem lembra que, no ano passado, Irã e Etiópia entraram na primeira grande expansão do BRICS na última hora, por interferência da China.
Ao jornal O Globo, Celso Amorim, principal conselheiro para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, evitou explicitar a posição brasileira sobre a Venezuela, dizendo que talvez ainda não seja possível chegar a uma conclusão nessa cúpula.
“Não estou preocupado com a entrada ou não da Venezuela, não estamos fazendo julgamento moral e nem político sobre o país em si. O BRICS tem países que praticam certos tipos de regime, e outros tipos de regime. A questão é saber se eles têm capacidade pelo seu peso político e pela capacidade de relacionamento, de contribuírem para um mundo mais pacífico”, comentou.
As negociações, de fato, são contínuas antes de uma decisão. A lista prévia de 2023 só tinha Emirados Árabes Unidos, Argentina e Arábia Saudita. Os argentinos, no entanto, desistiram do convite quando houve mudança de poder: o novo presidente, Javier Milei, preferiu ficar mais alinhado a Washington do que a Pequim.
Em 1º de janeiro de 2024, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos tornaram-se seus membros de pleno direito.
A 16ª Cúpula do BRICS é o principal evento da presidência da Rússia na associação e está sendo realizada em Kazan até quinta-feira (24). O grupo BRICS foi fundado em 2006 pelo Brasil, Rússia, Índia e China, com a África do Sul se juntando a ele em 2011.
Por Equipe InfoMoney