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19/10/2024 08:15:00

Psicóloga ensina como lidar com trauma transgeracional

Estudos indicam que eventos traumáticos afetam não apenas os diretamente envolvido


Psicóloga ensina como lidar com trauma transgeracional

A população mundial vivencia todos os dias traumas coletivos, como os causados ??por guerras, genocídios, desigualdades extremas, violência social, eventos climáticos extremos e pandemias que criam uma conexão com o sofrimento dos outros. 

No entanto, quando emergem destes desafios globais, as pessoas muitas vezes esquecem-se de considerar os seus traumas, que podem ser profundos e hereditários, chamados traumas transgeracionais.


A psicóloga Cristina Florentino (CRP-SP 06-84874) destaca que o descaso dificulta o reconhecimento de si mesmo e o manejo dessas feridas. Além disso, reforça que diante da dor no mundo, deve-se dedicar tempo para compreender e transformar as histórias individuais de cada pessoa, criando um espaço mental que equilibre os cuidados coletivos e individuais, essenciais para uma vida mais saudável e evoluída.


Artigo recente do G1, baseado em palestra de Julia Weinman, estudante de doutorado na Universidade de Stanford, observou que cerca de 90% das pessoas vivenciam pelo menos um evento traumático na vida.

Cristina diz que pesquisas sugerem que, na velhice, a maioria das pessoas carrega cicatrizes profundas de experiências passadas. Diante desse cenário, é fundamental desenvolver mecanismos para superar essas experiências. Dado este reconhecimento do trauma coletivo e pessoal, é possível seguir um caminho mais consciente para a cura e o bem-estar, criando mais resiliência face às adversidades. 

Segundo a psicóloga, o trauma pode aparecer de forma isolada, crônico ou complexo e pode abranger várias gerações, deixando marcas profundas no comportamento e nas emoções de pessoas que nunca vivenciaram diretamente os acontecimentos. Esse fenômeno, conhecido como trauma transgeracional, tem sido muito estudados pela psicologia, pela neurociência e pela epigenética, que revelam os efeitos do sofrimento humano.


A neurociência também oferece novas perspectivas sobre este tema. A pesquisa da professora Rachel Yehuda mostra que experiências traumáticas podem moldar fisicamente o cérebro e afetar as gerações subsequentes. A teoria da neuroplasticidade sugere que o trauma vivido pelos pais pode tornar os filhos mais vulneráveis ??ao estresse e às reações de ansiedade. Outro campo promissor é a epigenética, que estuda como os experimentos podem alterar a expressão genética sem alterar o DNA.


Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que ratos expostos a choques elétricos associados a determinado cheiro transmitem essa associação aos seus filhotes, que reagem ao cheiro com medo, mesmo sem receber os choques. Isto sugere que os marcadores de estresse podem ser geneticamente “escritos” e transmitidos às gerações futuras» 

Embora estes mecanismos tenham sido desenvolvidos como forma de proteção, a hipervigilância pode tornar-se prejudicial em contextos onde já não existe perigo real. “Descendentes de pessoas que viveram em zonas de guerra podem herdar fortes reações ao ruído, vivendo em estado de alerta constante”, destaca Cristina.


A psicologia afirma que esses estudos abrem novas discussões sobre o tratamento do trauma. Técnicas que integram psicologia, neurociência e epigenética estão sendo desenvolvidas para ajudar as pessoas a lidar com o trauma que muitas vezes não sabem que carregam: “É essencial que os profissionais de saúde mental considerem a história familiar dos pacientes porque as raízes do sofrimento muitas vezes estão ligadas a um trauma não resolvido da jornada científica passada nos lembra que assim como o trauma pode ser herdado, a resistência e a cura também podem ser transmitidas, criando histórias para as gerações futuras”, conclui Florentino.



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