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Acidente
15/10/2024 08:00:00

A nova variante do vírus Sars-CoV-2 identificada em três estados

As sequências genéticas decodificadas foram depositadas na plataforma online Gisaid nos dias 26 de setembro e 7 de outubro.


A nova variante do vírus Sars-CoV-2 identificada em três estados

band.uol.com.br

A primeira descoberta foi feita pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) nas amostras de dois pacientes residentes na capital fluminense, diagnosticados com Covid-19 em setembro.

A identificação foi feita pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Vírus Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, que serve de referência para Sars-CoV-2 no Ministério da Saúde e na Organização Mundial da Saúde (OMS).


O Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de saúde do Rio de Janeiro foram rapidamente informados dessa descoberta. As sequências genéticas decodificadas foram depositadas na plataforma online Gisaid nos dias 26 de setembro e 7 de outubro.

Depois dos sequenciamentos do Rio de Janeiro, outros grupos de pesquisadores também descobriram genomas da linhagem XEC decodificados em São Paulo, a partir de amostras coletadas em agosto, e em Santa Catarina, a partir de duas amostras coletadas em setembro. 

VIGILÂNCIA


A XEC foi classificada pela OMS em 24 de setembro como uma variante em observação. Isso acontece quando uma cepa apresenta mutações em seu genoma que são suspeitas de afetar o comportamento do vírus e são observados os primeiros sinais de uma “vantagem crescente” sobre outras variantes circulantes.

Esta variante começou a chamar a atenção em junho e julho de 2024, devido ao aumento das descobertas na Alemanha. Rapidamente se espalhou pela Europa, América, Ásia e Oceania. Pelo menos 35 países identificaram a espécie, com mais de 2.400 sequências genéticas depositadas na plataforma Gisaid desde 10 de outubro deste ano. 

Segundo a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, Paola Resende, dados do exterior mostram que a XEC pode ser mais transmissível que outras cepas, mas será necessário avaliar seu comportamento no Brasil. “Em outros países, essa variante tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando assim a circulação do vírus. É importante olhar o que está acontecendo no Brasil.

O impacto da chegada dessa variante pode não ser o mesmo por aqui, porque a memória imunológica da população é diferente em cada país, devido às linhagens que já circularam no passado”, explica Paola,  que também trabalha na Fiocruz Rede Genômica.


A detecção do XEC no Brasil foi feita em uma estratégia de vigilância que ampliou o sequenciamento dos genomas do Sars-CoV-2 na capital Rio de Janeiro em agosto e setembro. Esta ação foi desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

Durante três semanas, foi coletada amostras de swab nasal para envio ao laboratório de referência do CIO/Fiocruz em casos positivos para Sars-CoV-2 diagnosticados por testes rápidos em unidades básicas de saúde.

Embora tenha evidenciado a presença de XEC, a vigilância confirmou o predomínio da linhagem JN.1, majoritária no Brasil desde o final do ano passado.


“Tomamos essa ação para entender em tempo real o que está acontecendo no Rio, já que houve um ligeiro aumento de diagnósticos de Covid-19 na cidade. Isso foi muito importante para detectar a variante XEC, que agora terá que ser monitorada” , disse o virologista. Dados atuais da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e do Infogripe, da Fiocruz não mostram aumento de casos de Covid-19 na cidade. 

A virologista alerta para o enfraquecimento da vigilância genômica do SARS-CoV-2 no Brasil e reforça a necessidade de manter a vigilância em todo o território nacional.


“Atualmente estamos sem dados genômicos de muitos estados, pois não houve coleta ou envio de amostras para sequenciamento genético. É muito importante que essa vigilância seja mantida de forma homogênea no país para monitorar o impacto da chegada da variante XEC e detectar outras variantes que podem mudar o cenário da Covid-19”, enfatizou Paola.


O virologista destacou ainda que os dados dos genomas circulantes do Sars-CoV-2 são importantes para ajustar a composição das vacinas contra a Covid-19. A OMS possui um grupo técnico consultivo sobre este tema, que se reúne duas vezes por ano. Em abril, o comitê recomendou a formulação de uma vacina baseada na linhagem JN.1. A próxima reunião está marcada para dezembro.


A origem


A análise mostra que o XEC surgiu da recombinação genética entre cepas anteriormente circulantes. O fenômeno ocorre quando um indivíduo é infectado simultaneamente por duas cepas virais diferentes. Nesta situação, os genomas dos dois patógenos podem se misturar durante o processo de replicação viral. O genoma XEC contém extratos dos genomas das linhas KS.1.1 e KP.3.3. Além disso, a linhagem possui mutações adicionais que podem conferir vantagens para sua propagação.



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