O hospital FMUSP das Clínicas fez história ao realizar, no dia 17 de agosto, o primeiro transplante de útero bem-sucedido em pessoas vivas da América Latina.
A operação foi realizada em uma mulher que nasceu sem útero devido à síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (MRKH), que recebeu o órgão da irmã, marcando um importante avanço na medicina reprodutiva.
A equipe responsável pela intervenção foi composta pelo serviço de ginecologia do hospital e pelo departamento de transplante de órgãos. Esse sucesso representa um marco importante na pesquisa em transplantes, principalmente porque a instituição já havia realizado um transplante de útero de doadora falecida, que resultou no nascimento de uma criança saudável em 2017.
O transplante é indicado para mulheres em idade reprodutiva que não possuem útero ou que o perderam devido a complicações durante a gravidez.
O professor Wellington Andraus, que coordena os transplantes de órgãos do hospital, destacou a crescente procura por esse tipo de procedimento, que embora ainda considerado experimental, apresenta resultados promissores.
Após a cirurgia, os pacientes apresentaram recuperação satisfatória. O transplante teve seu ciclo menstrual restaurado 32 dias após o procedimento. Para ter direito ao transplante, o paciente deve estar em boas condições de saúde, ter menos de 35 anos e não sofrer de nenhuma doença crônica. A doadora, por sua vez, deve ter tido pelo menos um filho e não deseja engravidar.
A expectativa é que o receptor possa realizar a primeira fertilização in vitro (FIV) aproximadamente seis meses após o transplante.
O verdadeiro sucesso do procedimento será confirmado quando a paciente conseguir conceber e parir, completando um ciclo que pode transformar a vida e oferecer novas oportunidades para mulheres que enfrentam dificuldades reprodutivas.