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Acidente
23/09/2024 18:00:00

Epidemia de jogos de azar: brasileiros já gastaram 68 bilhões de reais em jogos online

O jogo Tigrinho é popular entre as mulheres. O uso de cartões de crédito não verificados deixa 1,3 milhão de pessoas endividadas com cassinos digitais

Epidemia de jogos de azar: brasileiros já gastaram 68 bilhões de reais em jogos online

Com Correio Braziloiense

Estudo revela que 22% da renda disponível das famílias brasileiras foi gasta em jogos no ano passado, gerando uma série de consequências econômicas e sociais. Entre eles, o aumento dos defeitos. No primeiro semestre de 2024, cerca de 1,3 milhão de brasileiros já tinham dívidas não pagas com cassinos online, muitos dos quais usam cartões de crédito não verificados.
A situação afecta particularmente as classes mais vulneráveis. “O público jovem e de baixa renda é o mais afetado. O jogo, que inicialmente aparece como forma de entretenimento, acaba comprometendo parte significativa do orçamento, levando à inadimplência e à diminuição do consumo de bens essenciais”, explica economista Felipe Tavares. Antecede o estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Desde a aprovação da lei n. Com a Lei nº 13.756, de 2018, que autoriza apostas esportivas, o mercado de apostas online, incluindo cassinos virtuais, tem crescido exponencialmente no Brasil. Entre junho de 2023 e junho de 2024, os consumidores gastaram 68,2 bilhões de reais em apostas, valor que já representa 0,62% do PIB nacional. Dinheiro de programas sociais

Os casinos online, em particular, mostraram um perfil de jogador que levanta ainda mais sinais de alerta. Modalidades como o “Jogo do Tigrinho”, popular entre as mulheres, têm potencial para gerar impactos sociais mais profundos, já que parte desse público é beneficiário de programas sociais e chefe de família.
“Isso pode agravar ainda mais o ciclo de pobreza e desigualdade, pois muitos utilizam recursos essenciais para brincar”, enfatiza Tavares.
Impacto no comércio

A CNC revisou a projeção de crescimento do setor varejista em 2024, reduzindo-a de 2,2% para 2,1%. Esta alteração reflete o impacto negativo causado pelo crescimento descontrolado do jogo online, que comprometeu os rendimentos das famílias e reorientou o consumo para o jogo em vez de bens e serviços essenciais. Segundo o vice-presidente financeiro da CNC, Leandro Domingos Teixeira Pinto, este fenómeno já começa a ter consequências significativas no comércio. “O aumento do volume de apostas está diretamente relacionado com a perda de poder de compra das famílias, o que afeta toda a economia e o desenvolvimento do país”, alertam.