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Guerra
20/09/2024 06:00:00

Líder do Hezbollah promete vingança contra Israel após ataque de pagers e walkie-talkies no Líbano


Líder do Hezbollah promete vingança contra Israel após ataque de pagers e walkie-talkies no Líbano

RFI

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reconheceu nesta quinta-feira (18) que seu partido recebeu "um duro golpe, sem precedentes na história do Líbano" em alusão às explosões mortais dos pagers e walkie-talkies do grupo. Ele alertou Israel que sua resposta seria "terrível".

Enquanto Nasrallah fazia seu discurso, transmitido ao vivo, aviões israelenses sobrevoaram Beirute em baixa altitude, quebrando a barreira do som, segundo informações de correspondentes da AFP e da agência de notícias oficial libanesa Ani.

"O inimigo queria matar nada menos que 5.000 pessoas" explodindo os pagers e walkie-talkies nas mãos de membros de seu partido na terça (17) e quarta-feira (18), disse Nasrallah. 

Ele acusou Israel de ter "ultrapassado todas as linhas vermelhas” e advertiu que o país receberá um “castigo terrível e uma represália à altura do seu ataque, quando menos e onde espera", ameaçou. Nasrallah disse que não daria detalhes sobre "o momento, o local ou a natureza" da resposta que estaria sendo preparada pelo seu partido.

Centenas de pagers walkie-talkies e usados pelo Hezbollah, aliado do Hamas, explodiram em todo o Líbano na terça e quarta-feira em um ataque sem precedentes, que matou 37 pessoas e feriu quase 3.000. Hassan Nasrallah afirmou que o Hezbollah abriu uma investigação interna sobre as explosões, que não foram reivindicadas por Israel. 

Ele também garantiu que seu movimento continuaria a atacar Israel a partir do Líbano, em apoio ao Hamas palestino, "até o fim da agressão em Gaza". Dirigindo-se aos líderes israelenses, também disse que eles "não poderiam trazer para casa" os moradores do norte de Israel deslocados pelos confrontos na fronteira. "A única maneira (de fazer isso) é parar a guerra em Gaza".

O Hamas também reagiu após o discurso de Nasrallah e agradeceu o apoio do Hezbollah. O líder do partido libanês prometeu manter a pressão sobre Israel, até a obtenção de um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Em um comunicado, o movimento palestino declarou que o discurso de Nasrallah impedia "projetos que atrapalhariam o apoio a nosso povo e à resistência na Faixa de Gaza".   

O Irã também demonstrou seu apoio ao Hezbollah, em tom de ameaça. "Esses atos terroristas, que são, sem dúvida, uma amostra do desespero e dos sucessivos fracassos do regime sionista, em breve receberão uma resposta esmagadora da frente de resistência", disse o general Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, segundo a agência de notícias oficial iraniana IRNA.

A "frente de resistência" contra Israel, ou "eixo da resistência", inclui movimentos apoiados pelo Irã na região, como o Hamas, o Hezbollah, os rebeldes houthis no Iêmen e grupos iraquianos.

Israel ataca alvos do Hezbollah

O Exército israelense disse na quinta-feira que estava atacando alvos do Hezbollah no Líbano em uma tentativa de restaurar a segurança no norte de Israel, como parte de novos planos aprovados pelo Estado-Maior.

Os militares anunciaram a morte de dois soldados no norte de Israel nesta quinta-feira. De acordo com Canal 12, um canal de notícias israelense, um deles foi morto por um drone e o outro por um míssil antitanque disparado pelo Hezbollah do sul do Líbano.  

Em um comunicado divulgado pouco antes de um discurso de Nasrallah, o Exército israelense disse que estava realizando operações "para restaurar a segurança no norte de Israel que permitiriam o retorno dos moradores às suas casas". Esta é uma das novas metas estabelecidas pelo governo de Benjamin Netanyahu na guerra contra o Hamas e seus aliados regionais.

Em seu comunicado, o país disse que o Hezbollah transformou o sul do Líbano em uma "zona de combate". Em outro comunicado, as autoridades israelenses disseram que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Herzi Halevi, aprovou recentemente os planos para a região norte.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou na quarta-feira que a guerra estava entrando em uma nova fase e se deslocando para a fronteira norte com o Líbano, para onde soldados e recursos seriam transferidos.

EUA pedem que Hezbollah pare ataques em Israel

Os EUA pediram nesta quinta-feira ao Hezbollah que pare com os "ataques terroristas" contra Israel. 

Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, Nasrallah "poderia parar os ataques terroristas" contra Israel. "Garanto que se o fizesse, insistiríamos com Israel sobre a necessidade de 'manter a calma' do seu lado", declarou à imprensa o representante de Washington.

"Enquanto o Hezbollah lançar ataques terroristas além de sua fronteira (com Israel), é claro que Israel lançará ações militares para se defender, como qualquer outro país faria", acrescentou Miller.     

Em 1997, os Estados Unidos incluíram o Hezbollah em sua lista de organizações "terroristas", sujeitas a sanções econômicas e bancárias. Desde 2013, a União Europeia também considera o braço armado do movimento uma organização "terrorista".  

"Continuamos a pressionar para que todas as partes evitem uma escalada do conflito (...) em uma guerra que sabemos que servirá aos interesses de todos os lados", disse Miller.



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