g1
O incêndio no Parque Nacional de Brasília chega ao 4º dia nesta quarta-feira (18). O fogo consumiu cerca de 2 mil hectares e, em alguns pontos, uma característica chama a atenção: não há chamas visíveis, só fumaça.
É porque o fogo está embaixo da terra, o que é conhecido como incêndio subterrâneo, segundo o capitão João Rafael, do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).
Turfa é um material orgânico formado pela decomposição de vegetais em ambientes com pouca oxigenação e muita umidade. Normalmente, ocorre entre 2 e 5 metros de profundidade
Conforme o capitão João Rafael, esse tipo de incêndio começa quando o fogo na superfície encontra uma região de mata de galeria, caracterizada pelo acúmulo de matéria orgânica no solo ao longo de anos. Além da falta de chamas visíveis, a propagação do incêndio subterrâneo é lenta e atinge as raízes das árvores
O combate a um incêndio subterrâneo é feito em três etapas, de acordo com os bombeiros:
"O incêndio subterrâneo é caracterizado pela queima de material combustível que está abaixo da superfície. Este material pode ser de raízes de árvores, turfa e outros materiais orgânicos", diz o militar.
"É um incêndio difícil de se combater pois é dificultoso delimitar a área, devido a dificuldade de vê-lo. Além do que a região de mata de galeria possui vegetação densa de difícil acesso", diz o capitão João Rafael do CBMDF.
Além do incêndio subterrâneo, há outras duas categorias de incêndios florestais:
O incêndio no Parque Nacional de Brasília começou no fim da manhã de domingo (15). O projeto Sem Fogo-DF gravou, por meio de câmeras de vigilância da Torre de TV Digital, os dois primeiros dias do incêndio na unidade de conservação (veja vídeo acima).
As imagens mostram o início do fogo e a proporção que ele tomou em algumas horas, já no primeiro dia. Nas cenas aceleradas, é possível ver que a coluna de fumaça aumentou de tamanho, ocupou quase toda a imagem e era de uma cor escura.
No segundo dia, a fumaça ficou mais perto do solo e se expandiu por uma grande parte do parque. Mas a cor da fumaça já era mais clara.
O Parque Nacional de Brasília, conhecido como Parque da Água Mineral, foi criado pelo governo federal em 29 de novembro de 1961. Ampliado em 2006, a área abrange as regiões administrativas de Brasília, Sobradinho e Brazlândia, no DF, e o município goiano de Padre Bernardo, somando 42,3 mil hectares de extensão.
Criado para ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, o parque surgiu da necessidade de proteção dos rios que fornecem água potável à capital federal. O parque abriga as bacias dos córregos que formam o reservatório de Santa Maria, que é responsável pelo fornecimento de 25% da água que abastece o Distrito Federal.
O parque conserva ecossistemas naturais de relevância ecológica e possibilita a realização de pesquisas científicas, de atividades de educação, de recreação e de turismo ecológico. As piscinas e as trilhas são pontos de encontro para quem mora ou visita Brasília.
Dentro da unidade de conservação é possível encontrar desde a vegetação de mata de galeria pantanosa até a mata seca. O parque também abriga espécies raras ou ameaçadas de extinção como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, a jaguatirica e a onça-parda.