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Guerra
06/09/2024 04:00:00

Relatório mostra destruição massiva em Gaza enquanto Hamas e Netanyahu se acusam por falta de trégua


Relatório mostra destruição massiva em Gaza enquanto Hamas e Netanyahu se acusam por falta de trégua

Rfi

O Hamas e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estão culpando um ao outro pelo fracasso das negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza, que estão paralisadas. O movimento palestino está pedindo uma retirada israelense total da área. O Hamas declarou nesta quinta-feira (5) que a insistência de Netanyahu em controlar o Corredor Filadélfia “visa impedir que se chegue a um acordo” e acusou o premiê israelense de usar ‘as negociações para prolongar a agressão contra o povo palestino’. 

Desde o anúncio da descoberta, no domingo, dos corpos de seis reféns pelo exército israelense, Netanyahu tem estado sob intensa pressão para chegar a um acordo sobre a libertação dos reféns ainda detidos, em troca de uma trégua nos combates, o que possibilitaria avançar para um cessar-fogo permanente após quase 11 meses de guerra. 

Na terça-feira (3), os Estados Unidos pediram que um acordo de trégua fosse finalizado. Mas o Hamas e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão culpando um ao outro pelo fracasso das negociações para encontrar uma saída para o conflito no território.

“O Hamas rejeitou tudo”, denunciou Netanyahu, enquanto o movimento islâmico palestino insiste na aplicação, tal como está, de um plano anunciado em 31 de maio pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que ele havia aceitado. “Estamos tentando encontrar uma base para iniciar as negociações, mas eles (Hamas) se recusam e dizem que não há nada para discutir”, declarou o premiê israelense na quarta-feira (4) em uma coletiva de imprensa. 

Impasse sobre o Corredor Filadélfia

O Hamas está pedindo uma retirada israelense total da área. De acordo com o Hamas, a insistência de Netanyahu em controlar o Corredor Filadélfia, uma faixa de terra de 14 km na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, “visa impedir que se chegue a um acordo”. 

“Não precisamos de novas propostas”, escreveu o Hamas no Telegram na quinta-feira, acrescentando que Netanyahu estava ‘usando as negociações para prolongar a agressão contra o povo palestino’. 

O primeiro-ministro israelense quer que Israel mantenha o controle do Corredor Filadélfia pelo tempo que julgar necessário, para evitar, segundo ele, que o Hamas traga armas para o território palestino ou deixe passar armas, reféns ou alguns de seus combatentes para o Egito por meio de túneis. 

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, pediu aos dois lados que fizessem as concessões necessárias.

De acordo com Netanyahu, o Corredor Filadélfia está longe de ser o único obstáculo. A questão do número de prisioneiros palestinos mantidos por Israel a serem libertados em troca de cada refém libertado, ou um possível veto israelense à libertação de alguns desses detentos, estão entre as questões que “não foram resolvidas”, afirma ele. 

O Catar, um importante mediador nas negociações, disse na terça-feira que a abordagem israelense estava tentando “falsificar os fatos”, enfatizando que tal processo “acabará por levar à interrupção dos esforços de paz”. 

Mais de 90% dos edifícios ao longo da fronteira entre o enclave palestino e Israel parecem ter sido “destruídos ou seriamente danificados” pelo exército israelense, afirma relatório da Anistia Internacional divulgado na quinta-feira (5).
Mais de 90% dos edifícios ao longo da fronteira entre o enclave palestino e Israel parecem ter sido “destruídos ou seriamente danificados” pelo exército israelense, afirma relatório da Anistia Internacional divulgado na quinta-feira (5). REUTERS - Hatem Khaled

Anistia Internacional denuncia destruição quase total no enclave

De acordo com um relatório da Anistia Internacional consultado pela AFP na quinta-feira, mais de 90% dos edifícios em uma faixa de 1 km a 1,8 km de largura ao longo da fronteira entre o enclave palestino e Israel parecem ter sido “destruídos ou seriamente danificados” pelo exército israelense para criar uma zona tampão. 

A ONG de defesa dos direitos humanos está pedindo uma investigação internacional sobre “crimes de guerra”, denunciando “uma campanha injustificada de destruição”. 

Apesar das “condições precárias” em Gaza, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na quarta-feira que conseguiu administrar a primeira dose de vacinas contra a poliomielite em cerca de 187 mil crianças no centro do território. A OMS deve começar a vacinar o sul do território na quinta-feira, onde espera atingir 340 mil crianças em quatro dias. Entre 9 e 11 de setembro, a organização se deslocará para o norte de Gaza. 

Um ataque noturno israelense matou quatro pessoas que estavam abrigadas em tendas perto do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa em Deir al-Balah (centro), disse uma fonte médica à AFP na manhã de quinta-feira. 

O exército israelense alegou ter atacado “um centro de comando” usado por militantes do Hamas e da Jihad Islâmica em Deir al-Balah. Mais ao sul, na área de Al-Mawasi, um míssil matou uma pessoa e feriu várias outras, informou o Crescente Vermelho Palestino. 

O ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, que deu início à guerra, resultou na morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 97 continuam presas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelense. 

As represálias israelenses, que devastaram Gaza, deixaram pelo menos 40.861 pessoas mortas, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não fornece detalhes sobre o número de civis e combatentes mortos. Segundo a ONU, a maioria dos mortos eram mulheres e crianças.



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