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A Referência
Na sexta-feira (30), o Ministério da Defesa do Japão requisitou um orçamento recorde de 8,5 trilhões de ienes (cerca de US$ 59 bilhões) para o próximo ano, visando reforçar suas capacidades de dissuasão nas ilhas do sudoeste, em resposta à ameaça crescente da China. O pedido de orçamento foi aprovado em uma reunião do Ministério da Defesa e será enviado ao Ministério das Finanças para negociações até dezembro. As informações são da Associated Press.
Esse pedido representa um aumento de 10,5% em relação ao orçamento inicial deste ano. A proposta recorde também abrange recursos destinados à criação de um novo sistema de coleta de inteligência por satélite, com o objetivo de aprimorar as capacidades de detecção de mísseis do Japão.
O aumento no orçamento de defesa está em conformidade com a promessa do primeiro-ministro Fumio Kishida de ampliar os gastos militares do Japão para 43 trilhões de ienes (US$ 297 bilhões) nos próximos cinco anos, até março de 2028, tornando-se o terceiro maior gastador militar do mundo, depois dos Estados Unidos e da China.
As tensões militares no Leste Asiático permanecem elevadas. A Coreia do Norte continua a realizar testes de mísseis e a exibir novas armas. Na segunda-feira, um avião militar chinês entrou no espaço aéreo japonês pela primeira vez, o que levou o porta-voz do governo do Japão a criticar a ação como uma violação do território japonês e uma ameaça à segurança nacional.
Além disso, a China aumentou os confrontos com a guarda costeira das Filipinas em áreas disputadas do Mar da China Meridional e tem enviado frequentemente barcos da guarda costeira para violar as águas ao redor de ilhas controladas pelo Japão no Mar da China Oriental, que também são reivindicadas por Beijing.
As ilhas Senkaku, embora estejam sob controle do Japão, formam um arquipélago reivindicado pela China. Barcos chineses são constantemente vistos na região, uma forma de o governo chinês pressionar os japoneses em meio à disputa territorial. Já a Ilha Yonaguni recebeu uma de quatro novas bases militares japonesas no Pacífico, de olho em um possível ataque chinês.
A política de defesa e os gastos militares estarão entre os temas debatidos quando a disputa pela liderança do Partido Liberal Democrata tiver início oficial em 12 de setembro. Embora a maioria dos candidatos na corrida para definir o próximo primeiro-ministro do Japão ainda não tenha divulgado suas plataformas políticas, é pouco provável que qualquer um deles defenda a redução dos planos de expansão dos gastos militares.
Entre os que já anunciaram suas candidaturas, Shigeru Ishiba, ex-ministro da defesa, indicou em julho que os investimentos em defesa talvez precisem ser ampliados ainda mais. Ele destacou que o plano de gastos de cinco anos foi elaborado em um período em que o iene estava mais forte, e que os custos dos equipamentos aumentaram com a desvalorização da moeda.
Do orçamento solicitado para 2025, 970 bilhões de ienes (US$ 6,7 bilhões) serão usados para melhorar a capacidade de contra-ataque do Japão, incluindo o desenvolvimento de mísseis de longo alcance e seus sistemas de lançamento. Parte desse valor será destinada à criação de uma rede de satélites para melhorar a detecção de mísseis, devido ao avanço de mísseis hipersônicos por países como Coreia do Norte, China e Rússia.
Além disso, os militares estão pedindo cerca de 113 bilhões de ienes para o desenvolvimento de aeronaves de caça avançadas em parceria com o Japão, Reino Unido e Itália. A maior parte do restante do orçamento será destinada à manutenção de equipamentos, bem como à aquisição e produção de caças e submarinos. O ministério também está buscando fundos para atrair e reter talentos, incluindo aumentos salariais para oficiais e pessoal da Força de Autodefesa.
