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Mundo
12/08/2024 00:00:00

Gasto militar representa cerca de 20% do orçamento total do governo e 2,5% do PIB, acima inclusive do piso para membros da Otan


Gasto militar representa cerca de 20% do orçamento total do governo e 2,5% do PIB, acima inclusive do piso para membros da Otan

A Referência

A perspectiva de enfrentar uma invasão chinesa levou o governo de Taiwan a anunciar nesta semana um aumento em seu orçamento de defesa, que será de 647 bilhões de novos dólares taiwaneses (R$ 112,5 bilhões) no próximo ano. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

Trata-se do maior orçamento de defesa da história da ilha, representando cerca de 20% do orçamento total do governo. Para 2025, o aumento em relação ao gasto militar deste ano fiscal será de 6,7%.

“Estamos determinados a melhorar nossas capacidades de autodefesa e fortalecer a cooperação com nossos parceiros democráticos para garantir paz e prosperidade”, disse o presidente Lai Ching-te em um discurso na quarta-feira (7), ao anunciar o orçamento.

Dentro do orçamento de Taiwan para o ano que vem, defesa aparece em quarto lugar, atrás apenas dos gastos com bem-estar social, com a tríade educação ciência e cultura e com o desenvolvimento econômico. O ano fiscal começa em 1º de janeiro, e os parlamentares terão até um mês antes, 1º de dezembro, para aprovar os gastos estabelecidos nesta semana.

Atualmente, o investimento em defesa representa 2,5% do PIB (produto interno bruto), com a intenção de aumentar essa porcentagem para 3% no futuro, mas sem um prazo definido. Para se ter ideia da relevância, o piso estabelecido pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para seus membros é de 2% do PIB.

Na comparação com Beijing, no entanto, a vantagem é gigantesca. O orçamento de defesa chinês aumentou 7,2% neste ano. De acordo com o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), a China teve o segundo maior orçamento militar de 2023, US$ 296 bilhões (R$ 1,667 trilhão). Taiwan apareceu apenas na 21ª posição, com US$ 16,6 bilhões (R$ 93,5 bilhões).

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha em 2022. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro de 2022 “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.

 



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