16/09/2024 16:08:24

Acidente
11/08/2024 00:00:00

Quase 40.000 mortos na Faixa de Gaza: entenda como o Hamas identifica as vítimas


Quase 40.000 mortos na Faixa de Gaza: entenda como o Hamas identifica as vítimas

Rfi

Contar os mortos é um desafio na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel há 10 meses e transformada em ruínas. Qual o procedimento do Ministério da Saúde do governo do Hamas para estabelecer o seu número, atualmente de quase 40.000? Jornalistas da AFP que estiveram nos hospitais diversas vezes explicam o processo.

Os corpos são identificados pelos elementos encontrados neles ou por um familiar próximo, observaram jornalistas da AFP. As informações pessoais do morto são inseridas em uma base de dados informatizada do Ministério da Saúde palestino em Gaza, incluindo nome, sexo, data de nascimento e número de identidade.

Quando os corpos não são identificados, por estarem irreconhecíveis ou não serem procurados – às vezes famílias inteiras morrem – são registrados com um número e o máximo de informação possível. Indícios, como joias, relógios, telefones ou marcas de nascença, são coletadas e fotografadas. Em diversas declarações, o Ministério da Saúde de Gaza explicou o procedimento do balanço.

Nos hospitais "estatais", administrados pelo Hamas, as "informações pessoais e números de identidade" de cada palestino morto na guerra são inseridas em um banco de dados ao dar entrada ou após sua morte, no caso dos feridos. Esses dados são transmitidos "diariamente" ao "registro central de mártires" do ministério. Nos estabelecimentos particulares, os dados pessoais são registrados em um formulário enviado em "24 horas" ao ministério para serem incluídos na base central.

O "centro de informação" do ministério verifica as informações recebidas dos hospitais para "garantir que não há duplicações ou erros" antes de registrá-las na base de dados.

As autoridades palestinas solicitam também aos habitantes de Gaza que informem a perda de familiares em um site do Ministério da Saúde, que utiliza estes dados para suas verificações.

Correlação entre dados oficiais e oficiosos

O ministério trabalha com funcionários que respondem tanto à Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, como ao Hamas, que governa Gaza desde 2007.

Uma pesquisa da ONG Airwars, especializada no impacto das guerras sobre os civis, analisou quase 3.000 nomes de pessoas mortas e estabeleceu "uma forte correlação entre os dados oficiais e o que os civis palestinos informam online". O estudo indica que, no decorrer da guerra, as estatísticas do ministério "tornaram-se menos precisas", estimando que os danos ao sistema de saúde dificultam a tarefa.

Dos 400 computadores do hospital Nasser, um dos últimos em operação parcial no sul da Faixa de Gaza, apenas 50 terminais funcionam, segundo seu diretor, Atef al Hut.

Embora as autoridades israelenses questionem as estatísticas do Hamas – que não diferenciam civis e combatentes – o Exército e o primeiro-ministro reconhecem a magnitude do número de vítimas.

70% dos mortos são mulheres e crianças

Os serviços de imprensa do Hamas calculam que 70% dos quase 40.000 mortos em Gaza são mulheres (perto de 11.000) e "crianças" (pelo menos 16.300).

O ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023 matou 1.198 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

Os balanços diários publicados pelo Ministério da Saúde do Hamas foram questionados, especialmente pelo presidente americano, Joe Biden, que duvidou de sua credibilidade no início do conflito. No entanto, em março mencionou "milhares e milhares" de mortes de civis, sem comentar a veracidade das estatísticas do ministério, que também contabiliza os feridos.

Os balanços são citados pela maioria das organizações internacionais e várias agências da ONU, especialmente a responsável pelos refugiados palestinos (UNRWA), que consideram as estatísticas confiáveis.



Enquete
Você Aprova o retorno do Horário de Verão?
Total de votos: 4
Notícias Agora
Google News