A Referência
A crise diplomática entre Turquia e Israel ganhou um novo capítulo na sexta-feira (2), quando autoridades israelenses sugeriram que Ancara retire seus diplomatas do Estado judeu. As manifestações surgiram em resposta à decisão turca de declarar luto pela morte de Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas morto na quarta-feira (31).
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou luto nacional de um dia no país, de acordo com a agência Reuters. Segundo ele, a intenção é “mostrar nosso apoio à causa palestina e nossa solidariedade aos nossos irmãos palestinos.”
Paralelamente, o chefe de Estado turco determinou que a bandeira do país na embaixada de Israel fosse colocada a meio mastro, o que irritou o governo israelense.
“Se os representantes da embaixada querem lamentar, que eles vão para a Turquia e lamentem junto com seu mestre Erdogan, que abraça a organização terrorista Hamas e apoia seus atos assassinos”, disse o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, segundo o jornal The Times of Israel. “Israel não aceitará expressões de participação no luto por um assassino como Ismail Haniyeh.”
A posição dura foi compartilhada pelo ministro da Segurança Nacional Itamar Ben Gvir, segundo quem os diplomatas da Turquia deveriam “remover a bandeira completamente e retornar para casa.”
Israel e Turquia já foram aliados, atuando em parceria tanto no campo militar quanto no comércio. Porém, o conflito entre o Estado judeu e o Hamas, reflexo dos ataques do grupo radical em 7 de outubro, distanciaram os dois governos.
Nesta semana, Erdogan chegou a ameaçar invadir o Estado judeu em resposta aos ataques israelense dentro do Líbano contra membros do grupo radical Hezbollah. “Assim como entramos em Karabakh, assim como entramos na Líbia, faremos exatamente o mesmo a eles”, disse o presidente em reunião com membros de seu Partido da Justiça e Desenvolvimento.
A reação de Israel foi pedir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a expulsão dos turcos, algo que sequer está previsto no estatuto da aliança.
A ameaça feita por Erdogan, entretanto, soa a propaganda para fortalecer a imagem dele entre a base de apoio islâmica. Tanto que o chefe da diplomacia israelense optou por responder com mais ameaças, sem mencionar o pedido de expulsão feito por sua pasta.
“Erdogan segue os passos de Saddam Hussein e ameaça atacar Israel. Ele deveria se lembrar do que aconteceu por lá e como terminou”, disse o ministro em seu perfil na rede social X, antigo Twitter.
“A Turquia, que hospeda a sede do Hamas responsável pelos ataques terroristas contra Israel, tornou-se um membro do eixo iraniano do mal, ao lado do Hamas, do Hezbollah e dos Houthis no Iêmen”, acrescentou Katz, conforme relatou o The Times of Israel.