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Mundo
04/08/2024 00:00:00

Jornalista que denunciou ‘ditadura’ de Putin e ‘crimes de guerra’ da Rússia desaparece da prisão

Vários dissidentes russos e opositores da guerra na Ucrânia desapareceram das prisões russas recentemente, sugerindo que uma troca de prisioneiros com o Ocidente pode estar próxima


Jornalista que denunciou ‘ditadura’ de Putin e ‘crimes de guerra’ da Rússia desaparece da prisão

A Referência

O jornalista russo Vladimir Kara-Murza, crítico feroz do presidente Vladimir Putin e da guerra da Ucrânia, condenado ano passado a 25 anos de prisão, foi transferido de sua prisão na Sibéria para um novo local, conforme informou o serviço penitenciário russo, o FSIN. As informações são da agência Reuters.

O FSIN informou que Kara-Murza está sendo transferido da colônia penal IK-6 em Omsk para um destino não especificado.

De acordo com o site independente Mediazona, Kara-Murza foi julgado e condenado por crimes diversos. O que rendeu maior pena foi de “traição”, com sentença de 18 anos de prisão. Ele pegou ainda sete anos por divulgar “informações falsas” sobre as forças armadas e três anos por participar de atividades de uma “organização indesejável”. Embora a pena somada seja de 28 anos, foi aplicada a de 25 anos, que é a máxima permitida.

O opositor, que deixou o jornalismo para ingressar na política, foi detido em Moscou em 11 de abril do ano passado. De acordo com as autoridades, ele foi considerado suspeito porque “mudou a trajetória” do veículo que dirigia quando avistou policiais.

Kara-Murza, porém, já estava na mira do Kremlin quando foi preso. Ele chegou a fazer um discurso inflamado contra Putin na Câmara dos Deputados do Estado norte-americano do Arizona, em março de 2022, pouco menos de um mês antes de ser perseguido e detido pela polícia em seu país natal. Ele chamou o presidente de “ditador” e em diversos momentos contestou a invasão da Ucrânia pela Rússia, acusando as tropas de seu país de cometer crimes de guerra em território ucraniano.

Outros desaparecidos

Vários dissidentes russos e pessoas condenadas por sua oposição à guerra de Moscou na Ucrânia desapareceram das prisões russas nos últimos dias, o que ativistas de direitos humanos dizem ser um possível sinal de que uma troca de prisioneiros com o Ocidente pode estar próxima.

Pelo menos sete prisioneiros de alto perfil na Rússia desapareceram e acredita-se que estejam sendo transferidos das instalações onde cumpriam suas penas, segundo a rede Radio Free Europe. Embora as autoridades não tenham feito comentários sobre o assunto, isso gerou especulações de que possa estar ocorrendo uma preparação para uma troca de prisioneiros com o Ocidente.

Advogados de vários prisioneiros famosos na Rússia adicionaram os nomes de seus clientes a uma lista crescente de presos desaparecidos. Olga Karlova, advogada do ex-fuzileiro naval dos EUA Paul Whelan, que cumpre uma pena de 16 anos por acusações de espionagem que ele e Washington negam, informou em 31 de julho que não sabe o paradeiro de seu cliente e que as autoridades da prisão em Mordóvia, onde Whelan está detido, não responderam aos pedidos de confirmação sobre sua localização.

Whelan, de 54 anos, trabalhava na segurança de uma empresa de peças de veículos dos EUA quando foi preso em Moscou em 2018.

Entre os desaparecidos está Kevin Lik, um jovem de 19 anos da região de Adiguésia, no Cáucaso do Norte, que foi condenado a quatro anos de prisão por traição em dezembro e, de forma inesperada, transferido de uma penitenciária na região noroeste de Arkhangelsk.

 



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