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Guerra
23/07/2024 04:00:00

Otan acelera preparativos para um conflito com a Rússia e mantém 500 mil soldados de prontidão

Aliado de Putin afirma que a aliança se prepara para a guerra 'muito mais rápido do que algumas pessoas gostariam de ver'

Otan acelera preparativos para um conflito com a Rússia e mantém 500 mil soldados de prontidão

A Referência

Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está se preparando “muito mais rápido do que algumas pessoas gostariam de ver” para um conflito com a Rússia. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (22) pelo presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, conforme relatou a agência estatal russa Tass. E a fala está em sintonia com movimentações recentes da aliança e de seus membros.

Segundo Vucic, aliado do presidente russo Vladimir Putin, o atual apoio à Ucrânia é uma forma de a Otan enfraquecer Moscou sem ter que ingressar efetivamente na batalha. “O Ocidente gostaria de conduzir a guerra à distância, por meio de outra pessoa, por meio de investimento de dinheiro e assim por diante”, disse ele.

Tal terceirização militar, de acordo com o líder sérvio, justifica-se porque a aliança ainda “não está pronta” para uma guerra direta. “Eles estarão prontos? Eles não estão prontos agora, mas acho que estarão. Eles já estão se preparando para um conflito com a Federação Russa e estão se preparando muito mais rápido do que algumas pessoas gostariam de ver, em todos os sentidos.”

A avaliação de Vucic surge em reação a uma manifestação de Farah Dakhlallah, porta-voz da Otan, que foi citado no domingo (21) pela rede CNN. “Desde 2014, a Otan passou pela transformação mais significativa em nossa defesa coletiva em uma geração”, declarou ele. “Colocamos em prática os planos de defesa mais abrangentes desde a Guerra Fria, com atualmente mais de 500 mil tropas em alta prontidão.”

A prontidão das tropas é apenas um dos sinais de que a Otan espera um confronto direto com a Rússia para os próximos anos. Outro indício nesse sentido é o alistamento militar obrigatório adotado por alguns países-membros, como foi destacado por analistas ouvidos pela CNN.

“É tragicamente verdade que aqui estamos, em 2024, e estamos lidando com as questões de como mobilizar milhões de pessoas para serem potencialmente jogadas em um moedor de carne de uma guerra. Mas é aqui que a Rússia nos colocou”, disse Robert Hamilton, chefe de pesquisa da Eurásia no think tank Foreign Policy Research Institute.

Dinamarca, por exemplo, anunciou em março que o alistamento militar no país será estendido às mulheres. Também estabeleceu que o tempo de serviço será ampliado de quatro meses para 11, duas medidas voltadas a aumentar o número de reservistas à disposição de suas Forças Armadas.

Movimentação semelhante está nos planos da Alemanha. “Precisamos de mulheres e homens jovens fortes que possam defender este país”, declarou em junho o ministro da Defesa alemão Boris Pistorius, ressaltando a necessidade de uma “nova forma de serviço militar” que “não pode ser totalmente isenta de obrigações.”

Letônia, por sua vez, aprovou em abril uma revisão em sua Lei do Serviço Militar, passando a permitir que estrangeiros sirvam em unidades especiais das Forças Armadas durante situações de emergência. “Estamos nos preparando para diversos cenários de ameaça militar, aprendendo com a experiência da Ucrânia”, afirmou o ministro da Defesa, Andris Spruds.

Paralelamente, a aliança vem ampliando o investimento em armamento, também de forma a compensar a redução dos estoques devido ao fornecimento de armas e munição para a Ucrânia. No início deste mês, a NSPA, agência de compras da Otan, assinou um contrato de quase US$ 700 milhões para que os Estados-Membros produzam mais mísseis antiaéreos Stinger.

De acordo com Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, os países se comprometeram ainda a elaborar planos para melhorar suas capacidades industriais de defesa, priorizando a produção de equipamentos essenciais para futuros conflitos.

“Então, agora temos uma guerra na Europa que nunca pensamos que veríamos novamente”, disse à CNN  o general da reserva Wesley Clark, que liderou as forças da Otan durante a Guerra do Kosovo. “Não está claro se esta é uma nova Guerra Fria ou uma guerra quente emergente. Mas é um aviso muito iminente para a Otan de que temos que reconstruir nossas defesas”.