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"Fui atingido por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha", relatou o ex-presidente americano Donald Trump em um comunicado divulgado em rede social na madrugada deste domingo (14/07, horário local), horas depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato durante um comício eleitoral na Pensilvânia no dia anterior.
"Soube imediatamente que algo estava errado ao ouvir um zumbido, tiros, e imediatamente senti a bala atravessando a pele. Teve muito sangue, então eu percebi o que estava acontecendo", escreveu o candidato republicano à Casa Branca.
Uma pessoa que acompanhava o evento da plateia foi morta na ação, que durou segundos, e outras duas foram gravemente feridas. O suspeito, um homem de 20 anos filiado ao Partido Republicano, foi abatido pelo Serviço Secreto, e Trump foi retirado do local às pressas sob escolta dos agentes. Pouco tempo depois, equipe e família confirmaram que ele estava "bem".
"É incrível que um ato desse tipo possa acontecer em nosso País", disse ainda Trump em seu comunicado.
Apesar da incredulidade do ex-presidente, atos como esse não são inéditos na história dos Estados Unidos, que está repleta de assassinatos e atentados frustrados contra líderes políticos.
Em alguns desses casos, como o do presidente Ronald Reagan (1981-1989), que sobreviveu a um atentado logo no início do mandato, o episódio turbinou a popularidade do republicano entre os americanos.
O primeiro presidente americano assassinado no exercício do cargo foi Abraham Lincoln, morto em 1865 enquanto assistia a um espetáculo dentro de um teatro em Washington. O atirador, John Wilkes Booth, era um simpatizante da causa confederada, que unia os estados agrários e escravistas do sul dos Estados Unidos contra o restante do país. Republicano, Lincoln liderava à época uma aliança com os democratas formada durante a Guerra de Secessão.
Menos de duas décadas depois, o presidente James Garfield foi baleado por um desafeto em 1881, também em Washington, em uma estação de trem. O republicano acabou morrendo dois meses e meio depois do episódio, em decorrência dos ferimentos.
Dali a duas décadas, em 1901, o também republicano presidente William McKinley seria baleado em 1901 por um anarquista em Buffalo, Nova York, morrendo poucos dias depois.
Por fim, o último presidente assassinado da história dos EUA é o democrata John F. Kennedy, JFK, alvejado em 1963 enquanto desfilava em carro aberto ao lado da mulher em Dallas, Texas. O suspeito do crime, Lee Harvey Oswald, foi assassinado dois dias depois.
Além de Trump, outros líderes americanos sobreviveram a tentativas de assassinato.
O também republicano e ex-presidente Theodore Roosevelt escapou da morte após ser baleado no peito em 1912, enquanto fazia campanha em Milwaukee, Wisconsin. Como Trump, ele também tentava voltar à Casa Branca após governar o país de 1901 a 1909 – cargo ao qual fora alçado justamente após o atentado que matou seu antecessor, William McKinley, de quem ele era vice.
O projétil alojou-se no peito de Roosevelt após perpassar uma caixa de óculos e os papéis de seu discurso, que estavam no bolso da jaqueta. Mesmo baleado, ele se recusou a ir para o hospital e fez o discurso planejado, falando por 90 minutos. Por sorte, a bala havia se alojado no músculo do peitoral de Roosevelt, sem atingir os pulmões, e os médicos decidiram que o mais seguro era não tentar removê-la. Por causa disso, o republicano carregou o projétil dentro de si até o fim da vida.
Apesar da façanha, Roosevelt, que havia fundado outro partido após perder a indicação à candidatura do Partido Republicano, não conseguiu voltar à Presidência.
Já o democrata Franklin Roosevelt, que governou o país de 1933 a 1945, saiu ileso de um tiroteio em 1933 que matou o prefeito de Chicago Anton Cermak.
Igualmente ileso saiu o republicano Gerald Ford (1974-1977), alvo de duas tentativas de homicídio em menos de três semanas em 1975, também por arma de fogo.
Depois dele, outro republicano, Ronald Reagan, foi alvejado na axila no início de seu mandato, em 1981, às portas do Hotel Hilton em Washington. O atentado fez disparar seus índices de popularidade, ajudando-o a se reeleger em 1984.
Em 1968, o então pré-candidato do Partido Democrata à Casa Branca e senador Robert F. Kennedy, irmão do falecido JFK, foi morto aos 42 anos em Los Angeles. O assassino era um homem palestino cuja ação, entre outros motivos, teria sido motivada pela promessa de Kennedy de apoiar Israel militarmente.
Em 1972, o governador do Alabama George C. Wallace, também democrata, ficou paralítico da cintura para baixo após sobreviver a um atentado por arma de fogo.