Quem poderá usar o dispositivo?

Conforme o cientista mineiro, 30% da população afetada, não responde às terapias orais e usam injeções ou implantes penianos. O foco principal do projeto, explica Rodrigo, são os pacientes que fizeram a prostatectomia, ou seja, que removeram a próstata para tratar o câncer.

“Hoje, esses pacientes não respondem bem à terapia oral, com o Viagra e o Cialis, e a única terapia que funciona são injeções penianas ou próteses penianas, soluções bem dolorosas. O que a gente busca hoje é uma solução muito mais confortável e melhor para esses pacientes”.

O criador do dispositivo explica que, além dos pacientes com prostatectomia, existem outros segmentos que a empresa pretende beneficiar no futuro, como, por exemplo, os lesionados medular e pacientes com diabetes.

Testes feitos no Brasil e na Austrália

“A gente começou dois testes até agora – um, na Austrália, onde estamos testando em pacientes que fizeram prostatectomia”, conta o cientista. “A gente implanta o dispositivo no momento da prostatectomia e aí os resultados são fantásticos. O que a gente observa é que os pacientes recuperam completamente a função sexual, pós-prostatectomia, ou seja, eles voltam ao estado em que estavam antes da cirurgia”, detalha.

“A empresa também está fazendo outro teste no Brasil em pacientes lesionados medular. A gente implanta esse dispositivo e observa também uma melhora na função sexual desses pacientes. É claro que ambos os testes estão em fase inicial, ainda em execução, mas os resultados preliminares são muito promissores”.

No Brasil, os testes em pacientes com lesão medular estão sendo realizados no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André-SP.

Como funciona o dispositivo?

O dispositivo, que recebeu o nome de CaverSTIM, é um neuroestimulador colocado no assoalho pélvico por meio de uma cirurgia minimamente invasiva que é ativado por um controle remoto. Quando o paciente ativa o mecanismo, ele tem uma ereção.

Para isso, o médico implanta uma malha de eletrodos múltiplos que vão estimular o nervo cavernoso, responsável pelo processo de ereção. Quando o paciente acorda, a equipe analisa quais eletrodos estão tocando o nervo em uma posição boa e estão funcionando para corrigir a disfunção erétil.

Com esse mapeamento feito, é possível selecionar os eletrodos que funcionam. Isso acontece porque existe uma variabilidade anatômica grande no assoalho pélvico dos homens, o que exige diferentes posicionamentos para os eletrodos nos diferentes pacientes, conforme explicou Fraga.

“É como você atirar no escuro, você não sabe para onde você tá atirando, mas você atira em todas as regiões. Quando você escuta o sino você continua tirando na mesma região”, comparou o CEO da empresa.

Rodrigo estudou no Brasil até o doutorado. Depois, foi para os Estados Unidos fazer o primeiro pós-doutorado. Em 2011, se mudou para a Suíça para continuar estudando biologia vascular e disfunção erétil. Foi aí que surgiu o dispositivo.

“A EPFL (Escola Politécnica Federal de Lausanne), onde estudei, é um ambiente de muita pesquisa nessa parte de dispositivos médicos. Então, esse ambiente inovador, com várias tecnologias imergindo, estimulou muito o desenvolvimento da Comphya e do CaverSTIM. Foi fundamental para o desenvolvimento do produto”, explica.