Jornal de Alagoas
Com o objetivo de promover uma comunicação mais inclusiva e acessível, a Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (Secdef), em parceria com a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), deu início, nesta quinta-feira (4), às aulas da primeira turma do curso de Libras Básico I. O curso, que será realizado na Escola de Governo de Alagoas, em Maceió, terá duração de quatro meses e contará com duas turmas.
A turma 1 terá aulas todas as quintas-feiras, das 9h às 11h, e é destinada a servidores de todo o Governo de Alagoas. Já a turma 2 terá aulas todas as sextas-feiras, no mesmo horário, e é voltada para servidores da Secdef. As aulas serão ministradas pelo intérprete surdo Mateus Santos, da Central de Intérpretes de Libras (CIL) da secretaria. O objetivo central é capacitar os servidores para se comunicarem de forma eficaz com pessoas surdas, promovendo a inclusão social e o respeito à diversidade no serviço público. Responsável por ministrar o curso, Matheus revelou que as primeiras aulas se concentrarão em apresentar os fundamentos da Libras e da cultura surda aos participantes. "Nossa intenção inicial é que os servidores se familiarizem com a língua, entendendo sua história, seus principais aspectos culturais e tirando dúvidas que possam surgir", explica.
Para tornar o aprendizado mais dinâmico e interativo, o instrutor utilizará diversas ferramentas, como dinâmicas, atividades em grupo que visam estimular a comunicação e o trabalho em equipe. Entre elas, o uso de bolas e palavras, que é uma metodologia que utiliza bolas para representar palavras sem sinais, promovendo a associação entre a Libras e a língua portuguesa; e mímica e gestos, recursos expressivos que facilitam a compreensão da Libras, mesmo para iniciantes.
"Acredito que, com essa abordagem lúdica e acessível, os servidores poderão ter uma base sólida para se comunicar com a comunidade surda de forma mais natural e eficiente", ressalta Santos.
Segundo a secretária Arabella Mendonça, da Cidadania e da Pessoa com Deficiência, a oferta do curso de Libras representa um passo crucial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. "A Libras é a língua materna da comunidade surda brasileira, e dominá-la nos permite estabelecer uma comunicação eficaz com esse público, garantindo seus direitos e proporcionando-lhes um atendimento humanizado e digno", destacou a gestora.
Ela finalizou dizendo que a inclusão não é apenas um dever legal, mas também uma questão de ética e responsabilidade social. "Ao aprendermos Libras, demonstramos nosso compromisso com a diversidade e com a construção de um ambiente mais acolhedor para todos. Dessa forma, poderemos oferecer um atendimento mais completo e personalizado, esclarecer dúvidas, fornecer informações e, acima de tudo, criar um vínculo de confiança e respeito mútuo na perspectiva de garantia de direitos”, disse.
"O curso básico de Libras é um passo fundamental para promover uma comunicação mais inclusiva no setor público. Estamos preparando nossos servidores para garantir que todos os cidadãos tenham acesso aos serviços de forma igualitária e eficaz", enfatizou a secretária de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio, Paula Dantas.
Libras
A Lei nº 10.436/2002 reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão, consagrando-a como a língua natural da comunidade surda brasileira. Mais do que um conjunto de sinais, a Libras é uma língua vibrante e rica em cultura, expressa por meio de gestos manuais, expressões faciais e corporais.
Com gramática própria, sintaxe e estrutura complexas, a língua permite a comunicação completa e profunda em diversos contextos. Com ela, os surdos podem compartilhar ideias, sentimentos e experiência, além de também poder discutir temas complexos de filosofia, ciência e política.
Considerada a chave para inclusão social das pessoas surdas, a Libras permite que os surdos participem ativamente da sociedade em todos os seus aspectos, garantindo acesso à educação, oportunidades no mercado de trabalho, atendimento digno em serviços públicos e participação na vida cultural e social.
Currículo do instrutor
Licenciado em Letras em Libras pela Faculdade de Letras (Fale), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Matheus Santos foi pesquisador bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) no Projeto Combate à Covid-19; bolsista como professor em formação inicial em Libras do Programa Casas de Cultura no Campo (CCC) da Pró-reitoria de Extensão (Proex)/Pró-reitoria de Estudantes (Proest); e voluntário como vice-presidente da Associação dos Surdos de Alagoas (Asal). Atualmente é bolsista como Tradutor, Guia-Intérprete de Libras/Intérprete de Língua Portuguesa da Pró-reitoria de Estudantes (Proest), e assessor técnico da Secdef e intérprete da Central de Intérpretes de Libras (CIL).