A Referência
O maior partido de oposição na Grécia está pedindo uma investigação após uma reportagem da rede BBC alegar que a guarda costeira foi responsável por dezenas de mortes de migrantes ao longo de três anos, com base em relatos de testemunhas. De acordo com a denúncia, nove migrantes teriam sido intencionalmente jogados ao mar.
Giorgos Psychogios, o responsável pela política de imigração do partido Syriza, declarou: “Pedimos uma investigação completa, queremos respostas, queremos que haja responsabilidade. E acrescentou: “Valorizamos cada vida humana e não podemos nos tornar insensíveis à perda de vidas”.
Psychogios informou à reportagem que seu partido, de centro-esquerda, vem pedindo responsabilidade pelos incidentes envolvendo a guarda costeira há anos, com base em numerosos relatórios de entidades e organizações internacionais.
Ele criticou o governo por rotular seu partido de “anti-grego”, “agentes de Erdogan” e “provocadores” por levantar tais questões. Um representante do governo afirmou que as acusações feitas pela BBC ainda não foram comprovadas, mas enfatizou que todas as reclamações seriam investigadas e as devidas conclusões seriam alcançadas.
O porta-voz do governo da Grécia, Pavlos Marinakis, afirmou que a guarda costeira salva muitas vidas diariamente e que é “injusto criticá-la”. Ele destacou que as acusações têm sido repetidamente desmentidas ao longo dos anos e que, frequentemente, os próprios gregos têm tentado difamar o país.
Uma equipe da BBC mostrou a um ex-oficial sênior da guarda costeira grega imagens do jornal New York Times que mostravam 12 pessoas sendo abandonadas em um bote pela guarda costeira grega. O oficial declarou que isso era “obviamente ilegal” e “um crime internacional”. O governo grego tem sido acusado de realizar retornos forçados para a Turquia, o que é ilegal sob o direito internacional.
Quinze incidentes ocorridos em 23 de maio de 2020 resultaram em 43 mortes. As informações iniciais vieram de meios de comunicação locais, ONGs e da guarda costeira turca. A ONG Human Rights Watch (HRW) considerou as descobertas “muito graves”, aumentando as alegações contra as autoridades gregas. A organização pediu uma investigação completa para garantir justiça às vítimas e interromper a violência e impunidade nas fronteiras da Grécia.
O partido de oposição social-democrata Pasok se manifestou sobre possíveis ações ilegais da guarda costeira. “O respeito pela vida e pelo valor humano não é negociável”, afirmou o deputado Athanasios Glavinas, acrescentando que aguardam respostas das autoridades.
O Conselho Grego para Refugiados disse que as devoluções forçadas eram uma “política de facto” na Grécia e pediu ao governo e à União Europeia (UE) que iniciassem uma investigação.