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Guerra
15/06/2024 00:00:00

Rússia fez de Mariupol um ‘inferno na terra’ e usou a fome como tática de guerra, aponta relatório

Organização de direitos humanos investigou a ação das tropas de Moscou para privar civis de comida, água e outros itens essenciais


Rússia fez de Mariupol um ‘inferno na terra’ e usou a fome como tática de guerra, aponta relatório

A Referência

“Em fevereiro de 2022, a pacífica Mariupol, lar de centenas de milhares de ucranianos, se transformou em um inferno na terra.” A afirmação é da organização de direitos humanos Global Rights Compliance (GRC), que nesta semana publicou um relatório acusando a Rússia de usar a fome como arma de guerra na cidade da Ucrânia, um dos primeiros alvos russos no início do conflito.

“Não há crime sob o Estatuto de Roma que não tenha sido cometido pelos militares russos durante a invasão em grande escala”, diz o documento em referência ao tratado que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional (TPI), que vem investigando e pretende julgar as atrocidades russas no conflito.

Mariupol foi um dos primeiros alvos das tropas de Moscou após a invasão de 24 de fevereiro de 2022. Os crimes russos na cidade têm sido denunciados desde então, inclusive pela ONU (Organização das Nações Unidas). Uma ação, em particular, teve maior repercussão. Foi o ataque aéreo de 16 de março daquele ano a um tetro que abrigava civis.

A fim de se proteger, as pessoas ali escondidas chegaram a escrever a palavra “CRIANÇAS” em cirílico, o alfabeto russo, dos dois lados e em frente ao prédio. Os russos ignoraram o aviso. Kiev alega que cerca de 1,3 mil pessoas estavam abrigadas no teatro, mas o número de vítimas até hoje é alvo de debate, com as análises mais críveis sugerindo 300 mortos.

“Sob bombardeios incessantes, os cidadãos de Mariupol perderam o acesso à eletricidade, água, aquecimento e gás”, diz o relatório. “Os moradores de Mariupol logo foram forçados a se abrigar em prédios públicos ou dentro dos porões de blocos de apartamentos.”

A destruição e o cerco impostos pelas Forças Armadas da Rússia deixaram a população local sem acesso aos meios de subsistência. Pontos de distribuição de alimentos e água foram criados, mas inclusive civis na fila para receber tais itens tornaram-se alvo dos ataques. Os bombardeios atingiam ainda os corredores humanitários, impedindo a fuga da população.

É nessa atuação das tropas de Moscou que se concentra o relatório, intitulado “A esperança nos deixou: Cerco, fome e captura da cidade de Mariupol”. Segundo o documento, a fome foi “uma estratégia de guerra calculada” imposta pelos invasores à população local, o que o Estatuto de Roma classifica como um crime de guerra.

“Por meio de uma análise aprofundada das condutas concertadas e deliberadas que levaram à destruição quase total da cidade e sua infraestrutura, bem como à perda de esperança e à indignidade sofrida por seus moradores, o relatório dissipa o mito de que Mariupol sofreu destruição generalizada simplesmente como resultado de combate urbano”, afirma a GRC.

A avaliação da entidade servirá de apoio ao gabinete do procurador-geral da Ucrânia em seu trabalho para coletar evidências úteis ao TPI. “Estamos abertos a fortalecer nossa cooperação para garantir que esses e outros crimes de guerra sejam efetivamente investigados, e os perpetradores, levados à justiça”, diz a organização.



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