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A referência
Especialistas independentes em direitos humanos da ONU condenaram na quinta-feira (30) a violência, as ameaças e a intimidação contra jornalistas de língua persa pelas suas reportagens críticas sobre o Irã.
Os especialistas destacaram incidentes recentes que visaram o serviço de notícias em língua persa Iran International, seus jornalistas e funcionários e a empresa proprietária, Volant Media UK Limited. As ameaças de morte e a intimidação contra o pessoal culminaram no violento esfaqueamento do jornalista Pouria Zeraati à porta da sua casa em Londres, no dia 29 de março.
Desde 2017, a Iran International tem enfrentado ameaças e assédio contínuos por parte das autoridades iranianas e dos seus representantes, que se intensificaram após os protestos “Mulher, Vida, Liberdade” de 2022 no Irã. A mídia persa no exterior foi falsamente acusada de incitar a agitação, exacerbando os abusos.
“Tais ataques não só violam os direitos humanos à vida e à segurança pessoal, mas também visam suprimir a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, incluindo críticas legítimas ao governo iraniano”, afirmaram.
De acordo com os especialistas, houve pelo menos 15 conspirações iranianas credíveis para matar ou raptar pessoas no Reino Unido desde 2022.
A polícia antiterrorista britânica alertou dois funcionários da Iran International, um deles o gerente-geral da Volant, Mahmoud Enayat, sobre “ameaças iminentes às suas vidas” em novembro de 2022, levando-os a fugir do Reino Unido.
Além disso, uma conspiração para matar dois apresentadores de televisão, incluindo Fardad Farahzad, foi frustrada em novembro de 2023.
Os especialistas alertaram que estes ataques e ameaças poderiam ter um efeito inibidor sobre os jornalistas, tanto dentro como fora do Irã.
Eles citaram um incidente de setembro de 2023 em Nova York, onde o jornalista internacional do Irã Kian Amani foi agredido por um membro da delegação iraniana nas Nações Unidas.
O Irã impôs sanções financeiras e de viagens à Volant Media e à Iran International em 2022 por supostamente apoiarem o terrorismo e em 2019 congelou os bens dos proprietários e dos seus familiares no Irã.
“Deploramos o flagrante uso indevido da lei antiterrorista contra jornalistas, que viola as liberdades de expressão, associação e reunião pacífica, o direito de viajar, a privacidade, os direitos da família, o direito à reputação e ao devido processo e às salvaguardas judiciais”, disseram os especialistas.
Os especialistas observaram que os incidentes contra a Iran International faziam parte de um padrão de ameaças e ataques contra meios de comunicação de língua persa e dissidentes fora do Irã, incluindo jornalistas que trabalhavam para BBC News Persian, Deutsche Welle, Voice of America, IranWire e Radio Farda.
“Instamos o Irã a se abster de violência, ameaças e intimidação contra a Iran International e o seu pessoal, online e offline, e outros jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação social que reportam sobre o Irã a partir do exterior, e a investigar e processar os responsáveis ??por tais atos”, afirmaram.
Os peritos que deram o alarme incluíram os relatores especiais sobre a situação dos direitos humanos no Irã, sobre a proteção dos direitos no combate ao terrorismo, sobre a liberdade de opinião e expressão, sobre associação e reunião pacíficas e sobre execuções extrajudiciais.
Nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra , os relatores especiais são mandatados para monitorar e relatar sobre setores específicos de direitos humanos e a situação dos países. Eles não são funcionários da ONU e não recebem salário pelo seu trabalho.
