27/06/2024 06:34:30

Acidente
07/06/2024 02:00:00

"Deixar a Ucrânia de lado seria esquecer o que aconteceu aqui há 80 anos”, diz Biden em cerimônia do Dia D


Rfi

Diante da praia de Omaha, no litoral norte da França, o cemitério americano se estende por 70 hectares na cidade de Colleville-sur-Mer. Este foi o local escolhido para uma grande homenagem, nesta quinta-feira (6) aos soldados aliados que desembarcaram na Normandia, há 80 anos. O ato solene contou com a presença de dezenas de líderes estrangeiros, entre eles o convidado de honra, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

As cruzes brancas no gramado, orientadas para o oeste (EUA), marcam os túmulos de 9.387 soldados americanos mortos em território francês durante a operação Overlord, que permitiu a liberação da França e da Europa do domínio nazista.

A capela, o memorial e o jardim dos desaparecidos receberam convidados ilustres como o rei Frederik X, da Dinamarca, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, o cineasta Steven Spielberg, o ator Tom Hanks, entre outros.  

O Secretário de Estado Americano, Antony Blinken, durante as comemeorações pelos 80 anos do desembraque das tropas aliadas na Normandia. Em Colleville sur Mer, em 6 de junho de 2024.
O Secretário de Estado Americano, Antony Blinken, durante as comemeorações pelos 80 anos do desembraque das tropas aliadas na Normandia. Em Colleville sur Mer, em 6 de junho de 2024. via REUTERS - Daniel Cole

A cerimônia começou pouco depois das 13h (8h no horário de Brasília) com a exibição de um vídeo explicando a dificuldade do desembarque na costa francesa, em meio aos disparos das metralhadoras alemãs.  

Os casais Emmanuel e Brigitte Macron e Joe e Jill Biden foram recebidos com aplausos. Em seguida, foram ouvidos os hinos da França e dos Estados Unidos, antes do início  dos primeiros discursos destacando a coragem dos soldados que arcaram com “o verdadeiro custo da guerra" e pagaram "o preço da liberdade”.

“A arma mais poderosa do mundo não são aviões, atentados suicidas, mas sempre foi e sempre será um povo livre, pronto a lutar pela liberdade”, disse o mestre de cerimônias, antes dos discursos. 

França condecora veteranos americanos 

O presidente francês, Emmanuel Macron, deu as boas-vindas a “um dos locais mais emocionantes da França, em que sentimos o heroísmo dos mortos pela liberdade dos vivos”. “Este é um santuário em que se transmite a memória do Dia D e que mostra uma ligação única entre a França e os Estados Unidos”, continuou.  

Macron citou os nomes e as histórias de 11 veteranos presentes à cerimônia. “No verão de 1944, vocês eram jovens com uma família e muitos sonhos, mas deixaram os seus projetos para desembarcar na costa da França, tomando todos os riscos, pela nossa independência e liberdade. Nós nunca esqueceremos isso”, disse Macron. “O mundo livre precisava de cada um de vocês, que não decepcionaram”, completou o presidente francês. 

Os veteranos foram homenageados na ocasião: “Por sua bravura, eu tenho a honra de lhes conceder a insígnia de Cavaleiro da Legião de Honra”, a maior condecoração da França, criada por Napoleão Bonaporte, em 1802, explicou o presidente, em um dos momentos mais emocionantes da celebração.  

Joe Biden fez questão de cumprimentar cada um dos veteranos, que apesar da idade, alguns com mais de cem anos, fizeram questão de se levantar para receber a condecoração. 

Os veteranos foram condecorados pelo presidente Emmanuel Macron com a insígnia de Cavaleiro da Legião de Honra, a maior condecoração da França, criada por Napoleão Bonaporte, em 1802. Em 6 de junho de 2024, em Colleville sur Mer.
Os veteranos foram condecorados pelo presidente Emmanuel Macron com a insígnia de Cavaleiro da Legião de Honra, a maior condecoração da França, criada por Napoleão Bonaporte, em 1802. Em 6 de junho de 2024, em Colleville sur Mer. REUTERS - Christian Hartmann

Luta contra a tirania 

Em seguida, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, general Lloyd Austin, agradeceu em nome das Forças Armadas americanas o empenho de cada um “na luta contra a tirania”.

“Juntamente com nossos aliados, construímos a paz durável”, disse. “Ainda sonhamos com um mundo onde todo mundo possa viver em liberdade e precisamos defender esse mundo pós-guerra com responsabilidade e regras que nos definem”, disse. “Precisamos ser firmes contra a tirania”, repetiu Lloyd. “Vocês salvaram o mundo e nós agora devemos defendê-lo”, alertou oficial do Exército reformado. 

Em seu discurso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lembrou como “as forças do mal arrasavam o mundo, há 80 anos, com uma ideologia devastadora”. “Hitler achava que a democracia era fraca, mas aqui na costa da Normandia, a luta entre liberdade e tirania sofreu uma reviravolta”, continuou o americano. “Apesar do mau tempo, conseguimos fazer o maior Exército de todos tempos atravessar o Canal da Mancha”, disse.

Biden lembrou que 80% dos paraquedistas empregados na operação Overloard morreriam nas primeiras horas. Mesmo assim, eles estavam preparados para a missão com coragem. Ao todo, 160.000 homens desembarcaram nas praias da França. Muitos sobreviveram e continuaram lutando até o fim da guerra. “Outros, no entanto, caíram sob a artilharia alemã e são os nossos verdadeiros heróis”, continuou o democrata.  

“Há coisas pelas quais vale a pena morrer, como a paz e a liberdade”, disse Biden. “Nós provamos que a democracia é mais forte do que uma combinação de exércitos tiranos”, acrescentou.  

Joe Biden discursa na cerimônia pelos 80 anos do desembarque das tropas aliadas na França. Em Colleville sur Mer, em 6 de junho de 2024.
Joe Biden discursa na cerimônia pelos 80 anos do desembarque das tropas aliadas na França. Em Colleville sur Mer, em 6 de junho de 2024. © Daniel Cole / via Reuters

Voltando à atualidade, o chefe de Estado norte-americano afirmou que a Otan estava mais unida do que nunca e que continua disposta a defender a paz e a liberdade em todo o mundo. “Nós, americanos, nunca esqueceremos. Nós investimos na reconstrução da Europa e hoje sabemos o que a Otan é capaz de fazer”, discursou, citando “uma aliança que cresce com a entrada da Suécia e da Finlândia e que está preparada, segundo Biden.   

“O isolacionismo não é a resposta, não era há 80 anos e não será no futuro”, acrescentou o presidente americano, alertando que “a agressão, o ciúme, a vontade de tomar o mundo pela força” continuam presentes, já que “a luta dos ditadores é sem fim”, disse. 

Biden pontuou a invasão da Ucrânia “por um tirano”, elogiando "a coragem com que os ucranianos não abandonam a guerra”. De acordo com ele, “a agressão russa tem consequências graves”, mas Biden reiterou que “há mais de 50 países ao lado da Ucrânia”, país que não será abandonado, segundo suas palavras. “Há uma agressão ilegal em curso e isso é inadmissível. Se deixarmos a Ucrânia de lado, seria como esquecer o que se passou aqui, há 80 anos”, concluiu. Para Biden, “a democracia está em risco e desde 1944 a situação nunca foi tão grave”.   

A cerimônia foi encerrada com 21 tiros de canhão e um desfile de aeronaves militares americanas sobre as praias do desembarque.  



Enquete
Se a Eleição municipal fosse agora em quem você votaria para prefeito de União dos Palmares?
Total de votos: 392
Notícias Agora
Google News