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Guerra
01/06/2024 00:00:00

Otan abandona a moderação, autoriza ataques contra a Rússia e põe à prova as ameaças de Putin

França, Reino Unido, Alemanha e ate o líder da aliança aprovaram o uso de suas armas além da fronteira, cruzando um limite que Moscou diz não admitir


Otan abandona a moderação, autoriza ataques contra a Rússia e põe à prova as ameaças de Putin

A Referência

O uso pela Ucrânia de armas ocidentais para atacar o território russo já foi tabu na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Não é mais. Embora os EUA sustentem oficialmente o discurso cauteloso, as demais lideranças da aliança cruzaram definitivamente a linha vermelha e deram aval a Kiev para fazer bombardeios além de suas fronteiras, conforme as tropas de Moscou avançam e indicam que uma vitória definitiva é possível. Parece questão de tempo até que Kiev tome a iniciativa, o que colocaria à prova as ameaças de Vladimir Putin de responder militarmente contra a aliança transatlântica.

Ataques ucranianos dentro do território russo não chegam a ser novidade. Eles acontecem desde o início da guerra e têm se intensificado nos últimos meses. Kiev, porém, não assume oficialmente a autoria, uma negação plausível que serve também aos interesses de Moscou, que assim se livra de colocar em prática as ameaças direcionadas a quem fornece armas aos ucranianos.

A mudança efetiva nesse cenário de cautela recíproca está cada vez mais próxima. Nos últimos dias líderes de Reino UnidoFrança e Alemanha falaram abertamente que as forças da Ucrânia têm autorização para usar as armas que eles forneceram para atacar o inimigo em seu próprio território. Como de hábito, Putin reagiu com sua retórica inflamada, mas cada vez mais lhe faltam palavras que não soem vazias ante aos fatos.

“O solo ucraniano está sendo atacado a partir de bases na Rússia”, disse o presidente francês Emmanuel Macron durante visita à Alemanha, segundo a rede CNN. “Então, como explicaremos aos ucranianos que teremos que proteger essas cidades e basicamente tudo o que estamos vendo ao redor de Kharkiv neste momento se lhes dissermos que não têm permissão para atingir o ponto de onde os mísseis são lançados?”

O argumento foi exatamente o mesmo usado pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que desde o início da guerra mostra hesitação em fornecer seus mísseis Taurus a Kiev. “A Ucrânia tem toda possibilidade, ao abrigo do direito internacional, para o que vem fazendo. Isso tem que ser dito explicitamente”, afirmou. “Acho estranho quando algumas pessoas argumentam que não deveria ser permitido que se defendesse e tomasse medidas adequadas para isso.”

Quem igualmente se manifestou nesse sentido foi o secretário das Relações Exteriores britânico, David Cameron. Em entrevista à agência Reuters no início do mês, ele disse que a Ucrânia poderia usar as armas fornecidas pelo Reino Unido para atingir o outro lado da fronteira.

“A Ucrânia tem esse direito. Assim como a Rússia está atacando dentro da Ucrânia, você pode entender perfeitamente por que a Ucrânia sente a necessidade de ter certeza de que está se defendendo”, disse o secretário britânico.

A própria Otan, como aliança, adotou o argumento de seus membros, o que ficou claro em duas manifestações do secretário-geral Jens Stoltenberg. Primeiro, em entrevista à revista The Economist, declarou que “chegou a hora de os aliados considerarem se deveriam levantar algumas das restrições que impuseram ao uso de armas que doaram à Ucrânia.”

Depois, durante visita  à Bulgária, destacou a atual ofensiva russa em Kharkiv, região ucraniana invadida, e reforçou o que havia dito antes, conforme reportagem da rede Voice of America (VOA). “A linha de frente é mais ou menos a linha da fronteira. Se não se pode atacar as forças russas do outro lado da linha de frente porque elas estão do outro lado da fronteira, então é claro que se reduz realmente a capacidade das forças ucranianas de se defender”, afirmou.

Mesmo os EUA, última barreira para que a Ucrânia direcione seus mísseis à Rússia, parece prestes a ceder. Em artigo publicado no jornal The Washington Post, o jornalista David Ignatius diz que o presidente norte-americano Joe Biden já considera “suspender os limites à utilização ucraniana de armas de curto alcance dos EUA para atacar dentro da Rússia.”

Segundo ele, o que leva Washington a ser mais flexível é uma preocupação que já se nota dentro da Otan. As recentes vitórias obtidas pela Rússia indicam que a Ucrânia pode acabar derrotada se não conseguir impor resistência mais forte. E o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem argumentado que ataques contra posições russas no quintal inimigo seriam cruciais para isso.

“Podemos ver todos os pontos onde as tropas russas estão concentradas. Conhecemos todas as áreas de onde os mísseis russos são lançados e os aviões de combate decolam”, disse Zelensky nesta semana, de acordo com a VOA.

Se o aval da Otan vai arrastá-la para a guerra, só Putin poderá dizer. Por ora, o que ele faz é continuar com as ameaças, a mais recente delas feita na terça-feira (28), quando sugeriu novamente que o conflito pode em breve se espalhar pela Europa se a Rússia sofrer um ataque.

“A escalada constante pode levar a consequências graves”, disse o líder russo, que citou seu arsenal nuclear como ferramenta de persuasão, segundo a agência Reuters. “Se estas graves consequências ocorrerem na Europa, como se comportarão os Estados Unidos, tendo em conta a nossa paridade no domínio das armas estratégicas?”



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