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“Tanques de Israel estão em nossa porta”, diz morador de Rafah, após novos ataques a campo de deslocados


“Tanques de Israel estão em nossa porta”, diz morador de Rafah, após novos ataques a campo de deslocados

Rfi

O Exército israelense continua a bombardear, nesta quarta-feira (29), Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Tanques israelenses estão posicionados no local. O Conselho de Segurança da ONU prepara um projeto de resolução, coordenado pela Argélia, para tentar “deter” a violência, após um ataque, no domingo (26) a um campo de deslocados que provocou uma onda global de indignação.

Após três semanas de bombardeios incessantes sobre Rafah, os tanques israelenses estão agora no centro da cidade.

Habitantes da Faixa de Gaza relataram à RFI uma noite de terror e descrevem os “zumbidos incessantes” e “aterrorizantes” dos drones israelenses. “Não vemos nada, mas ouvimos. Mais um ataque”, diz Mohamed.

Tiros esporádicos continuaram a ser ouvidos na manhã desta quarta-feira. “Toda a população foi embora. As pessoas fugiram”, conta Mohamed, entre o barulho das sirenes das ambulâncias. “Sem dúvida são os feridos sendo evacuados, após um novo ataque”, lamenta.

“Os tanques israelenses estão às nossas portas”, continua ele. “Os veículos blindados estão a 500 metros daqui, no centro de Rafah.”

Mohamed permanece em sua casa na cidade bombardeada. “Não há como fugir neste momento”, disse o jovem. “De qualquer forma, Israel bombardeia tudo, todos, em todos os lugares. Morrer em uma barraca ou morrer em casa. Minha escolha está feita. Eu vou ficar”, afirma.

Na terça-feira (28), menos de 48 horas depois do ataque a um campo de deslocados em Rafah, que matou 45 pessoas, as forças israelenses bombardearam novamente outro campo na mesma área, na terça-feira (28), deixando 21 mortos.

Ao lançar a ofensiva terrestre a Rafah – onde se refugiaram milhares de palestinos – no início de maio, o Exército israelense garantiu que se tratava de uma operação “muito limitada”. Essa afirmação tinha o objetivo de tranquilizar os parceiros ocidentais, em particular os Estados Unidos, que se opõem à operação, e realizar a ofensiva sem ser pressionado por Washington.

Hamas se refugia em túneis

Ao mesmo tempo, a guerra também ocorre no subsolo, onde as forças do Hamas estão escondidas numa imensa rede de túneis.

"Yahya Sinwar (chefe do Hamas) levou anos para construir um complexo militar subterrâneo, vários andares de túneis para onde se mudou com sua família, com Mohammed Deif e outros líderes do Hamas”, explicou à RFI o jornalista israelense Ron Ben Yishai, especializado em questões militares, que cobriu numerosos conflitos no Oriente Médio.

Mohammed Deif é comandate das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, a milícia armada do Hamas. Ele é considerado um dos idealizadores do ataque do movimento islâmico palestino a Israel, em 7 de outubro.

“Um pequeno grupo de reféns israelenses estão junto com eles para evitar que o Exército os bombardeie caso localize o local”, explica o repórter. “Mas é muito difícil encontrar alguém que se move constantemente na clandestinidade, de Khan Younes a Rafah, depois de volta a Khan Younes, depois a Nusseirat e de volta a Khan Younes. É uma loucura! Tudo isso no subsolo, sem sair à superfície nenhuma vez. Assim que você o avista, já está em outro lugar”, descreve Ron Bem Yashai.

Resolução para cessar-fogo

No final de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança na tarde de terça-feira em Nova York, o embaixador argelino na ONU, Amar Bendjama, anunciou que seu país distribuiria aos outros membros do Conselho um "texto curto e claro para parar o massacre em Rafah ".

O projeto de resolução, destaca as decisões do Tribunal Internacional de Justiça e, se aprovado, exige que "Israel, o poderoso ocupante, pare imediatamente a sua ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah”. Impõe também “um cessar-fogo imediato respeitado por todas as partes” e “a libertação incondicional de todos os reféns”.

A reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU foi convocada pela Argélia na segunda-feira, um dia depois do ataque israelense ao campo de deslocados de Rafah.



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