Rfi
Um estudo feito com dados de 44 países mostra que um número crescente de adolescentes corre risco de obesidade, especialmente entre os jovens de meios desfavorecidos, devido a maus hábitos alimentares, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta quinta-feira (23). A pesquisa apontou que um em cada quatro adolescentes consome diariamente doces ou chocolate, existindo uma correlação “preocupante” entre a condição socioeconômica dos jovens e os maus hábitos alimentares.
"De forma alarmante, os adolescentes de famílias mais pobres têm maior probabilidade de ter excesso de peso ou obesidade (27% em comparação com 18% dos jovens de famílias mais ricas). Esta disparidade realça a necessidade urgente de abordar os fatores socioeconômicos subjacentes que contribuem para esta tendência”, alertou a OMS Europa, em um comunicado.
Um adolescente originário de meios desfavorecidos tem maior probabilidade de consumir bebidas açucaradas (18% contra 15%) e menos probabilidade de comer frutas (32% contra 46%) e vegetais (32% contra 54%) diariamente.
“Os alimentos saudáveis ??são muitas vezes menos acessíveis para as famílias de baixa renda, levando a uma maior dependência de alimentos ricos em açúcar ou processados, o que pode ter efeitos prejudiciais para a saúde dos adolescentes”, observa o Dr. Martin Weber, Chefe do Programa de Estudos de Saúde Infantil da OMS Europa.
Esta situação pode ter outras consequências na vida destes jovens até à idade adulta, sublinha Hans Kluge, diretor regional da OMS Europa, citado no comunicado, descrevendo-a como um “círculo vicioso de desvantagens”.
“As crianças de famílias menos abastadas têm maior probabilidade de ter problemas de saúde, o que pode prejudicar seu nível de escolaridade, as perspectivas de emprego e a qualidade de vida em geral. Isto perpetua as desigualdades sociais e limita as possibilidades de mobilidade social”, afirmou Kluge.
Além das recomendações de atividade física regular, o diretor da OMS pede mais políticas públicas para enfrentar a raiz do problema da desigualdade social. Podem ser “programas escolares que incentivam a alimentação saudável e a atividade física”, ou mesmo “iniciativas locais que proporcionem acesso a instalações esportivas e recreativas a preços acessíveis”, recomenda a OMS.
A OMS Europa reúne 53 países da Europa e da Ásia Central.