A Referência
Um ataque das forças ucranianas possivelmente atingiu o que seria o último navio porta-mísseis da Marinha da Rússia estacionado na Crimeia. A informação, que carece de verificação independente, foi divulgada pelo porta-voz da Marinha ucraniana Dmytro Pletenchuk à rede Radio Free Europe (RFE).
“Na verdade, esta informação ainda está sendo verificada. Porque, para ter 100% de certeza, ainda é necessário obter os resultados adequados do controle objetivo”, disse ele na terça-feira (21). “Mas, sim, há uma probabilidade bastante elevada de que não haja nenhum transportador de mísseis de cruzeiro na Crimeia agora.”
A embarcação supostamente atingida no domingo (19) é o cruzador Zyklon, segundo navio russo que os ucranianos dizem ter atacado com sucesso em dois dias. Na segunda (20), as Forças Armadas da Ucrânia afirmaram que haviam acertado também o caça-minas Kovrovets, igualmente posicionado na costa da Crimeia ocupada.
Se o porta-voz não confirmou a informação, o perfil do Ministério da Defesa ucraniano disse que o ataque de fato foi bem-sucedido. “Como resultado do ataque de 19 de maio, os defensores ucranianos atingiram a corveta Zyklon”, diz post que foi ao ar na rede social X, antigo Twitter, depois da publicação da entrevista.
Pletenchuk afirmou ainda que o Zyklon havia sido lançado pelos russos recentemente e sequer chegou a disparar antes de ser afundado. “Este navio é na verdade o primeiro, o único que entrou na frota e não lançou um único míssil”, disse ele.
Caso confirmada a destruição, o porta-voz avalia que Moscou sofrerá um importante prejuízo logístico com a perda de seu último porta-mísseis na Crimeia. “Os demais estão em Novorossiysk. É uma distância completamente diferente, é um tempo de reação completamente diferente. Portanto, sim, afeta em qualquer caso as capacidades táticas do exército russo na nossa região.”
As embarcações russas têm sido o alvo preferencial dos ataques Ucrânia, que relatou em fevereiro ter afundado um terço da frota do Mar Negro até ali. Embora esses números careçam de verificação independente, os seguidos reveses de fato incomodam o presidente Vladimir Putin, que em março destituiu o almirante Nikolai Yevmeno do comando da Marinha do país.
Os ataques constantes contra sua Marinha chegaram a forçar Moscou a mudar alguns de seus navios de posição, retirando-os da Crimeia e realocando-os para outros portos. Em outubro do ano passado, Aslan Bzhania, líder da região separatista da Abecásia, na Geórgia, revelou um acordo para receber parte da frota do Mar Negro, que assim ficaria protegida das ofensivas ucranianas.
Até agora, um momento marcante do sucesso de Kiev em seus ataques contra as embarcações russas foi o afundamento do Moskva, orgulho da frota russa, que veio a pique em abril de 2022. Embora Moscou insista em dizer que ele foi destruído por um incêndio no depósito de munições, serviços de inteligência ocidentais dizem que mísseis de cruzeiro disparados pelas forças ucranianas destruíram o navio.
A Ucrânia celebrou novamente o sucesso de uma operação contra a Marinha inimiga em setembro de 2023, quando um grande bombardeio atingiu uma base usada em Sebastopol, na Crimeia. Kiev alegou à época ter atingido ao menos um navio de desembarque e um submarino, além de um estaleiro onde os russos realizavam reparos em embarcações avariadas.
Daquela vez, diferente das negativas no caso do Moskva, o governo russo não escondeu que foi alvo de um duro ataque. Disse que a Ucrânia usou dez mísseis de cruzeiro, sete deles supostamente abatidos pelas forças de Moscou, e três drones, todos alegadamente neutralizados. Admitiu, no entanto, que duas embarcações foram atingidas, sem dar maiores detalhes.