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Mundo
18/04/2024 02:00:00

Argentina reforça segurança de fronteiras e alvos judaicos perante possível atentado terrorista do Irã


Argentina reforça segurança de fronteiras e alvos judaicos perante possível atentado terrorista do Irã

Rfi

A Argentina está em estado de emergência diante da possibilidade de represálias terroristas por parte do Irã. O governo formou um Comitê de Crise assim que o Irã lançou um ataque contra Israel, aliado incondicional do presidente Javier Milei, quem interrompeu uma viagem à Dinamarca para comandar as ações de defesa.

O Comitê de Crise do governo argentino elevou o nível de segurança nas fronteiras, além do alerta aos alvos judaicos em Buenos Aires, diante de um possível ataque terrorista por parte do Irã, acusado de ter sido o autor intelectual de dois atentados no país.

“Estamos tomando todas as medidas necessárias para ter um maior controle na fronteira, devido a esta situação. O ministério da Segurança trabalha em conjunto com os da Defesa e do Interior para efetivamente estar em alerta perante qualquer tipo de episódio que nos chame a atenção”, confirmou o porta-voz da Presidência argentina, Manuel Adorni.

O foco do Comitê de Crise é a região da tríplice fronteira com o Brasil e com o Paraguai. Na área, vive uma numerosa comunidade árabe. As principais agências de Inteligência do mundo veem nessa zona um possível foco de células terroristas adormecidas.

“Sem dúvida, a Argentina está na lista de ameaças do Irã. Estamos nessa zona de risco. Esse risco já existia antes. Há células adormecidas ou gente vinculada ao Hezbollah que presta esses serviços ao Irã”, indicou à RFI o ex-embaixador argentino no Brasil, nos Estados Unidos, na União Europeia e na China, Diego Guelar.

Ameaça presente

A Argentina já foi alvo de dois atentados terroristas atribuídos ao Irã. É o único país da América Latina a ter anunciado o seu apoio “explícito e irrestrito” a Israel. O presidente Javier Milei foi o único líder mundial a visitar Israel após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro passado e defendeu o direito de legítima defesa do Estado hebreu para eliminar o grupo terrorista Hamas.

“Não consideramos que nos posicionarmos perante um problema do mundo faça de nós um alvo ou mude a situação de um país que já teve dois atentados”, considerou Adorni, para quem “o ataque do Irã não é apenas contra Israel, mas ao Ocidente, à liberdade individual, aos direitos das mulheres e ao mundo livre”.

O presidente da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), Jorge Knoblovits, disse “não descartar um terceiro atentado na Argentina” porque “o terror está instalado no mundo”.

A Argentina está em estado de emergência diante da ameaça sempre latente de um terceiro atentado no contexto de um apoio explícito e irrestrito do presidente Javier Milei a Israel. “Existem quatro grandes comunidades judaicas fora de Israel: Estados Unidos, Inglaterra, França e Argentina. Se tiverem de escolher um desses quatro para um atentado, vão escolher o mais fraco. A ameaça contra a Argentina não é latente; é presente”, aponta Diego Guelar sobre a lógica que já levou o Irã a atacar a Argentina.

Lado correto

No sábado (13), o presidente Javier Milei interrompeu abruptamente a sua viagem internacional dos Estados Unidos à Dinamarca, onde tornaria oficial a compra de 24 caças F-16, para retornar a Buenos Aires. Imediatamente após a aterrissagem na noite de domingo (14), o chefe de Estado foi à reunião do Comitê de Crise na Casa Rosada.

“O presidente regressa à Argentina para conformar um Comitê de Crise devido aos últimos acontecimentos em Israel para estar à frente da situação e para coordenar ações com os presidentes do mundo ocidental”, anunciou o porta-voz, Manuel Adorni. O Comitê de Crise coordena as informações e as ações entre Chancelaria, Defesa, Segurança e Inteligência sobre um possível ataque iraniano na Argentina.

Da reunião, participou o embaixador de Israel, Eyal Sela, quem levou o agradecimento do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do presidente Isaac Herzog pela clara condenação do Irã por parte da Argentina. “Estamos muito agradecidos ao presidente Javier Milei pela sua condenação ao Irã e por estar do lado correto dos fatos”, disse o embaixador israelense após a reunião.

Divergências com o Brasil

A postura de Milei marca uma clara diferença com Lula, conforme ressaltaram, decepcionados, os referentes da comunidade judaica no Brasil. O líder brasileiro manifestou preocupação, mas não condenou os ataques a Israel.

“É preciso analisar a postura do Brasil através de outro parâmetro. Se o Irã tivesse atacado alguma cidade brasileira, a opinião de Lula seria diferente. Não tenho a menor dúvida de que, se houvesse uma sentença da Justiça brasileira contra o irã, a posição do Brasil seria outra”, compara Diego Guelar.

A chanceler argentina, Diana Mondino, está no Brasil e, na sexta-feira, segue para a Colômbia. A Argentina procura liderar na região uma liga de países contra o Irã e a favor de Israel.

O governo argentino reforçou os possíveis alvos judaicos de Buenos Aires. O país já foi alvo duas vezes de atentados terroristas cujas autorias a Justiça argentina atribui ao Irã e a execução ao Hezbollah.

Estado terrorista

Na quinta-feira passada (11), a Justiça Argentina declarou o Irã como um Estado terrorista, atribuindo-lhe a autoria pelo atentado de 1994 em Buenos Aires contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) e com a execução ao Hezbollah.

O atentado foi também classificado como crime de lesa humanidade, permitindo que as autoridades iranianas envolvidas sejam julgadas em qualquer parte do mundo e que o crime seja imprescritível.

A Justiça argentina já tinha atribuído a mesma arquitetura – Irã como autor intelectual e Hezbollah como executor – para o atentado contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992.

O atentado à AMIA foi o segundo maior no continente americano, depois dos ataques às Torres Gêmeas em 2001. A Argentina foi o único país da América Latina a tornar-se alvo de terroristas.

As embaixadas argentinas em Israel, Irã, Líbano e Síria foram fechadas preventivamente.



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