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Educação
02/04/2024 09:00:00

Ufal vetou 131 estudantes que tentavam entrar pelas cotas raciais no Sisu


Ufal vetou 131 estudantes que tentavam entrar pelas cotas raciais no Sisu

Folha de Alagoas

Na primeira etapa do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2024, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) analisou e indeferiu o pedido de 131 estudantes que desejavam entrar pelas cotas raciais.

A taxa de recusa ficou em 12%, já que houve quase 1.200 inscrições analisadas e 88% dos postulantes conseguiram o devido deferimento para candidatos autodeclarados pretos, pardos, indígenas e quilombolas.

Em números mais precisos, foram 1.187 autodeclarações de candidatos às vagas de cotas raciais, sendo que as bancas de heteroidentificação aprovaram 1.056 candidatos e negaram outros 131. O trabalho durou em torno de três dias. Dentre os aprovados, foram 68 quilombolas e 23 indígenas.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), Danilo Marques, as bancas de heteroidentificação são uma ferramenta importante de efetivação da política de cotas e esse processo tem sido importante para o aumento de estudantes negros, quilombolas e indígenas na Universidade.

“No Brasil, temos uma diversidade na composição étnico-racial, onde a população negra é composta por pessoas pretas, geralmente com cabelo crespo e pele mais escura, e pessoas pardas, com tom de pele mais clara e traços do rosto mais afilados, mas que carregam consigo marcas sociais do fenótipo negro. Nesse sentido, a banca de heteroidentificação analisa se a pessoa autodeclarada preta ou parda é, de fato, sujeito de direito da política de ações afirmativas”, disse.

O professor conta ainda que, além da cor da pele, é analisado um conjunto fenotípico que uma pessoa negra possui, como os traços do rosto, por exemplo, e que esse processo é adotado em todas as chamadas do Sisu, de graduação e de pós-graduação, assim como em concursos públicos.

“A banca é composta por três membros e os suplentes, seguindo o critério da diversidade, ou seja, homens, mulheres, pessoas pretas, brancas ou indígenas, assim como docentes, técnicos e estudantes são recrutados para participar das bancas, garantindo o ingresso de estudantes negros, quilombolas e indígenas”, complementou Danilo.

Bancas de heteroidentificação

As bancas de heteroidentificação foram implementadas na Ufal em 2018, sob a supervisão da professora Ligia Ferreira, à época, coordenadora do Neabi da Ufal, a fim de diminuir a possibilidade de fraudes nas vagas reservadas para pessoas pretas nos cursos de graduação e pós-graduação.

A professora Marli Araújo, atual coordenadora do Neabi de Arapiraca, falou sobre a importância das bancas no processo de implementação das políticas de acesso à Universidade, que servem para legitimar e reconhecer uma luta histórica das pessoas negras.

“Não estamos falando apenas de um reconhecimento de fenótipo, mas o reconhecimento em um processo de luta histórico pela inserção de pessoas negras nos direitos às políticas sociais brasileiras. Ao fazê-las, nós estamos dizendo ao Estado brasileiro que a sua população negra existe e que sua existência é negada enquanto acesso aos direitos sociais.” destacou Marli.



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