Novos sinais surgiram nas últimas semanas de que a Rússia tem colecionado perdas materiais elevadas na Ucrânia. Imagens de satélite observadas por analistas de código aberto mostram que Moscou retirou de seus armazéns militares uma grande quantidade de peças de artilharia, indício de que equipamentos estocados são cada vez mais usados para repor as perdas. As informações são da revista Newsweek.
Diante da falta de informações fornecidas pelas Forças Armadas russas, os analistas recorrem às imagens para observar os campos em que o armamento fica armazenado habitualmente. Assim, constataram que os estoques são cada vez menores, sinal de que vêm sendo usados frequentemente para reposição de peças avariadas por ataques ucranianos ou desgastadas pelo uso excessivo.
Segundo o grupo Oryx de analistas de código aberto, é possível afirmar que a Rússia perdeu ao menos 666 peças de artilharia autopropulsada, armas que são montadas em veículos e permitem mobilidade aos exércitos que as utilizam. Também perdeu 340 artigos de artilharia rebocada, que exige maior logística para ser movimentada.
O próprio Oryx, entretanto, diz que a avaliação tem limitações, por isso os números reais tendem a ser bem maiores. Aí surgem análises feitas por outros dois analistas, identificados como High_Marsed e Cover Cabal, que publicaram suas conclusões na rede social X, antigo Twitter.
Segundo a dupla, Moscou tinha 4.450 peças de artilharia autopropulsada em seus armazéns antes da guerra, mas hoje é possível identificar pelas fotos de satélite somente 2.961. Ou seja, quase 1,5 mil foram colocados em uso na guerra. Já os estoques de artilharia rebocada caíram quase pela metade, de 14.631 para 7.845.
“Descobri que a Rússia removeu os canhões e canibalizou quase todos os seus diferentes tipos de armas autopropulsadas armazenadas”, disse High_Marsed em uma postagem, na qual exibe algumas das fotos usadas no estudo. A remoção dos canhões, segundo ele, sugere que o item precisou ser reposto em outras peças de artilharia devido ao uso excessivo.
Ainda de acordo com o analista, os números referentes à artilharia autopropulsada são mais seguros, devido à precisão dos dados referentes ao pré-guerra. Além disso, as imagens em baixa resolução usadas impedem uma avaliação precisa de alguns armamentos, principalmente os rebocados, que são menores. Isso o levou a descartar casos em que não é possível determinar com exatidão se houve reposição.
“Acho que podemos concluir que há uma alta taxa de desgaste, que pode ser causada por grandes perdas, mas o desgaste do cano também é provavelmente muito importante”, afirmou High_Marsed à Newsweek. “A Rússia dispara muitos projéteis, então eles precisam de muitos canhões de reposição, mas muitos dos sistemas não estão mais em produção.”
A situação por vezes obriga as forças russas a usarem equipamento antigo ou inadequado. Ele explica ter identificado canhões dos tempos da Segunda Guerra Mundial instalados no lugar de outros mais novos. Também diz que peças com finalidades distintas foram adaptadas em equipamentos de artilharia.
Diante da falta de informações oficiais provenientes do Kremlin, o analista conclui que é impossível projetar o tamanho do impacto para as tropas de Moscou. “É razoável dizer que a guerra está esgotando as bases de armazenamento”, disse ele. “Mas não tenho ideia de quanto tempo levará até que estejam vazias ou até vermos efeitos na linha da frente.”
Se Moscou não divulga números, Kiev publica frequentemente suas estimativas na rede social X. O balanço mais recente, divulgado na terça-feira (6), fala em 9.367 peças de artilharia perdidas pela Rússia. Tais dados, no entanto, carecem de verificação independente.
A Referência