As festas religiosas são fenômenos espaciais e temporais que fornecem uma compreensão geográfica e cultural dos lugares onde se realizam. Constitui um tema significativamente explorado nas ciências humanas e sociais e vem ganhando expressividade na Geografia através da Geografia da Religião que se volta à análise espaço-temporais desses eventos que imprimem no espaço suas marcas, estabelecendo assim, a sua própria dimensão espacial, além de tornar-se uma marca identitária dos lugares. Trilhando nessa perspectiva, busca-se no presente trabalho analisar a Festa de Santa Maria Madalena, padroeira da cidade de União dos Palmares, localizada na Mesorregião do Leste Alagoano, que se realiza desde 1835, quando foi criada a paroquia a ela dedicada. Portanto, se constituindo numa tradição de mais de 180 anos de história. Metodologicamente, a pesquisa está ancorada nas proposições de Rosendahl (2012), partindo do pressuposto que os estudos que envolvem as relações entre o sagrado e o profano à luz de uma análise geográfica estão pautados em três dimensões: (1) a dimensão do lugar, (2) a dimensão econômica e (3) a dimensão política. A partir dessas três dimensões é possível entender, por exemplo, os bens simbólicos presentes na festa, bem como o exercício do poder teocrático em suas ações de territorialidades. Com efeito, o lugar compõe parte da análise geográfica na compreensão da relação do homem com o espaço. Por sua vez, a dimensão econômica é pautada nos bens materiais e simbólicos representativos do sagrado e do profano, cujo processo de produção ocorre no espaço e no tempo. No que se refere a dimensão política, observa-se que são os agentes administradores do sagrado quem controlam a produção dos bens e serviços simbólicos que a compõem. O capital religioso torna-se um instrumento de poder para a manutenção da prática religiosa. Ademais, deve-se considerar que o ato de comemorar é também uma maneira de conservar algo que ocupa lugar na memória coletiva, sobretudo quando relacionado ao ato devocional a santa. É dessa forma que a manutenção da Festa de Santa Maria Madalena é partilhada pela ação política da Igreja Católica e por várias pessoas de diferentes setores da sociedade local e até mesmo das adjacências, que carregam uma identidade comum, um sentimento que integra a comunidade religiosa durante os festejos anualmente realizados, culminando com a procissão, tradicionalmente realizada no dia 02 de fevereiro. Por conseguinte, imprimindo a mesma, uma forte relação com o território palmarino, conferindo-lhe especificidades de natureza cultural, política, econômica e, consequentemente, identidade territorial. UFAL-Al |