O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu nesta quarta-feira (31/01) em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, fixando a Selic em 11,25% ao ano, conforme expectativas do mercado.
Este é o quinto corte seguido desde agosto, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário, após uma queda de braço entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo ainda sob o governo Jair Bolsonaro.
A projeção do mercado financeiro é que os cortes na Selic sigam nos próximos meses e que ela encerre 2024 em 9% ao ano.
A redução gradativa da Selic é vista como uma vitória do governo federal após o embate, no ano passado, entre Lula e Campos Neto. A Selic chegou a 13,75% e ficou estacionada nesse patamar por quase um ano, até receber o primeiro corte de 0,5 ponto percentual em agosto do ano passado, na primeira redução em três anos.
Antes da redução de agosto, Lula criticou Campos Neto várias vezes e chegou a chamá-lo de "rapaz" que não serve aos interesses do país nem entende "de povo". Defensores da política do Banco Central, por sua vez, afirmavam que ainda não havia condições para a queda dos juros e que Lula tinha interesse em desgastar Campos Neto para apontá-lo como culpado em caso de fraco crescimento econômico.
Campos Neto foi indicado ao posto em 2019 por Bolsonaro e é o primeiro no cargo após a lei que instituiu a autonomia política na presidência da autarquia federal. O mecanismo estabelece mandatos de quatro anos para presidente e diretores do BC, com o argumento de blindar esses servidores de eventuais intervenções por parte do Executivo na definição da Selic e no controle da inflação.
Conhecida como taxa básica de juros da economia, a Selic impacta diretamente a economia do país e a vida das pessoas porque serve de parâmetro para outras taxas praticadas no mercado – influenciando juros pagos em um financiamento ou empréstimo, mas também o rendimento de investidores, por exemplo.
Taxas mais elevadas são usadas pelo Banco Central para tentar controlar a inflação e trazê-la para o centro da meta, enquanto taxas mais baixas são usadas para induzir o consumo e aquecer a economia, o que por sua vez também pode se refletir em preços mais altos.
Para 2024, a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ficando entre 1,5% e 4,5%.
Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2024 caiu de 3,86% para 3,81%.
le/bl (Agência Brasil, DW)
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